Moçambique comemra hoje o 20º aniversário do Acordo Geral de Paz assinado pelo Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), hoje principal partido da oposição moçambicana.
A 04 de outubro de 1992, em Roma, o então Presidente moçambicano Joaquim Chissano rubricou o acordo de paz com o líder do movimento rebelde Renamo, culminando um processo iniciado ainda na época de Samora Machel, primeiro Presidente de Moçambique.
Calcula-se que tenham morrido mais de um milhão de pessoas durante o conflito armado iniciado oito meses após a proclamação da independência do país, em 25 de junho de 1975.
Uma década antes, a Frente de Libertação de Moçambique desencadeou a luta contra a presença colonial portuguesa.
Para o alcance da paz, as forças beligerantes e os mediadores (Governo italiano, congregações religiosas e a Comunidade de Sant’Egídio, da Itália) fizeram “convergir tudo” no acordo, mas, duas décadas depois, a Renamo continua a denunciar a sistemática violação de alguns pontos do memorando, nomeadamente a integração dos seus homens na polícia.
Durante as conversações em Roma, a delegação da Frelimo foi chefiada pelo atual Presidente moçambicano, Armando Guebuza, enquanto a da Renamo era dirigida por Raul Domingos, antigo número dois do movimento, mais tarde expulso da atual força política da oposição por alegada traição ao partido.
Em 1994, Moçambique realizou as primeiras eleições gerais (presidenciais e legislativas) ganhas pela Frelimo e por Joaquim Chissano, que governou o país até 2004, quando voluntariamente abandonou o poder.
Joaquim Chissano disputou e venceu duas eleições em Moçambique, derrotando Afonso Dhlakama, que, no entanto, contestou os resultados de todos os quatro embates eleitorais em que participou, incluindo os dois últimos – 2004 e 2009 – contra Armando Guebuza, a quem acusa de ser “pior” que o seu antecessor, por alegadamente engendrar maiores fraudes eleitorais.
Por isso, os dois principais protagonistas de paz em Moçambique vão comemorar o dia em locais distintos.
As cerimónias centrais serão dirigidas pelo Presidente moçambicano, Armando Guebuza, na Praça da Paz, na capital do país, Maputo, enquanto o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, irá reunir os seus militantes