O fotógrafo trabalhou em vários veículos de comunicação e fez fotos para álbuns de grandes artistas da música brasileira nos anos 70 e 80

Januário Garcia morreu vítima de complicações decorrentes da Covid-19, na noite de quarta-feira (30), aos 77 anos. De acordo com informações de amigos, ele deu entrada no Hospital São Lucas, para tratar de uma pancreatite e teria contraído a doença.

O fotógrafo é uma figura importante nas inúmeras batalhas do Movimento Negro, sendo autor de livros sobre a cultura afro-brasileira. Foi presidente do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN) e membro do Conselho Memorial Zumbi.

Nos últimos 40 anos, Garcia tem fotografado afrodescendentes nos âmbitos social, político e cultural de suas vidas no Brasil, e em outros países da América do Sul e da África, além de ter um extenso currículo nas áreas de publicidade e música. O profissional é responsável por capas de discos de importantes artistas do MPB, como “Alucinação”, de Belchior, e “Cores Nomes”, de Caetano Veloso.

Ao longo dos anos com artistas, Januário produziu um acervo com mais de 100 mil fotos, documentando brasileiros afrodescendentes nos mais diversos aspectos da vida. Segundo informações publicadas em seu site oficial, as fotos contam a história contemporânea dos negros do Brasil.

“As imagens retratam a luta diária do negro para conseguir se inserir nessa sociedade, seu cotidiano, sua cultura, a alegria durante o carnaval entre tantos outros momentos. São registros que nos permitem adentrar suas casas e transitar pela história de lutas e conquistas do movimento negro no Brasil. Através destas imagens é possível encontrar, ainda nos dias de hoje, marcas e reflexos de um passado não superado”, diz um texto publicado no site oficial de Januário.

Em abril deste ano Januário participou da live de lançamento do livro “A escrita com a luz das Fotoescrevivências”, de Vilma Neres, lançado no dia 23 de abril, pelo canal TV Correio Nagô no Youtube. Confira o vídeo:

Alice Souza
Com supervisão de Valéria Lima