27/10/2018 | às 20h56
Manifesto Brasil Sem Racismo foi lançado em Salvador na quinta-feira (25) e já conta com quase 200 assinaturas de organizações no País
O Manifesto Brasil Sem Racismo com cerca de 200 assinaturas de coletivos, associações, grupos e personalidades da luta antirracista foi apresentado na última quinta (25), durante evento realizado na Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD), no Pelourinho, em Salvador. O evento aliou religiosidade, intervenções artísticas e discursos políticos sobre o momento político nacional.
Na sexta-feira (26), representantes do movimento entregaram o documento ao candidato Fernando Haddad (PT), durante caminhada na capital baiana. O Manifesto foi entregue à Haddad pelas mãos de Makota Valdina.
CONTEXTO ADVERSO
O mês de outubro tem sido marcado por uma série de declarações e ameaças racistas às pessoas negras em todo o Brasil. Universidades foram pichadas. Em menos de 24 horas, UnB, UFU e USP apareceram com mensagens de ódio.
“Não podemos ter medo. O contexto é adverso, mas não podemos voltar atrás”, disse a professora doutora Denise Carrascosa. Recentemente a professora, que é negra, foi ameaçada na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia por um discurso que dizia que tempos ruins virão para ela dentro do espaço acadêmico caso o candidato Jair Messias Bolsonaro (PSL) seja eleito.
O Conselho Nacional de Ouvidorias das Defensorias Públicas recomendou, nesta quarta (24), a permanência dos Observatórios da Intolerância Política. Veja a carta: https://correionago.com.br/portal/conselho-nacional-de-ouvidorias-das-defensorias-publicas-recomenda-permanencia-dos-observatorios-da-intolerancia-politica/
A equipe da Agência Pública de Jornalismo Investigativo está fazendo um grande levantamento sobre a violência política neste segundo turno das Eleições de 2018. Confira: https://apublica.org/2018/10/formulario-agressoes-eleitorais-agencia-publica/
UNIDOS CONTRA O RACISMO
Durante o lançamento do Manifesto, o cantor Lazzo Matumbi reforçou a importância do encontro como elemento vital para a militância. “Está mais do que na hora de nos aquilombarmos novamente, ver como os outros estão”, ressaltou. O cantor também fez autocrítica ao movimento que segundo ele tem feito pausas depois de algumas conquistas. “A gente precisa se ver mais, olhar mais no olho do outro, discutir nossas questões para que a coisa não chegue ao que está hoje”, ressaltou.
A socióloga Vilma Reis também subiu ao palco e salientou sobre a importância da comunicação boca a boca e corpo a corpo. Segundo Vilma, o contexto atual seria uma nova Revolta dos Búzios, movimento emancipatório do século XVII, que contou com a participação efetiva da população negra. “Somos donos dos nossos destinos”, afirmou.
Coletivos culturais e artísticos também fizeram reflexões sobre o momento como o Coral Mulheres do Alagados, a cantora Matilde Charles, o duo feminino As Visionárias, o Coletivo Incomode do Subúrbio Ferroviário e artistas independentes como o poeta França Mahín e Sued Hosana. O cantor Lazzo Matumbi e a Banda Didá realizaram o desfecho do evento.
Marcelo Ricardo é repórter-estagiário do Portal Correio Nagô.
Colaborou e supervisionou a jornalista Donminique Azevedo