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Movimentos sociais cobram aprovação do Estatuto da Igualdade Racial

Na próxima quarta-feira, dia 29 de maio, às 14h, o Estatuto da Igualdade Racial do Município irá a votação no plenário da Câmara Municipal de Salvador. O projeto foi protocolado há dez anos pela então vereadora Olívia Santana e, somente agora, volta à ordem do dia das votações desta casa legislativa.

O debate em torno do novo texto foi feito em oito audiências públicas puxadas pelo vereador e relator do projeto, Silvio Humberto (PSB). De acordo com os movimentos em defesa da aprovação do Estatuto, nenhuma das audiências públicas contou com a participação dos vereadores críticos e opositores do projeto. Ainda segunda as organizações, os vereadores opositores ao Estatuto, mesmo sem se dedicar ao debate, têm dirigido ataques ao texto da lei.

Diante dessa conjuntura, o movimento social negro constituiu a Frente em Defesa do Estatuto da Igualdade Racial do Município de Salvador. A Frente conta com a assinatura de mais de 80 entidades, movimentos sociais de diversas pautas onde o racismo se faz presente, como política de drogas, moradia, acesso à justiça, racismo ambiental, juventude, além de diversos parlamentares, entre eles as vereadoras Marta Rodrigues (PT) e Aladilce Souza (PCdoB) e a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB). O movimento ocupará o plenário da Câmara dos Vereadores durante a votação, visando garantir a aprovação do estatuto.

 

“Reparação, retratação, igualdade racial e equidade precisam ser premissas de um Estado comprometido com seu povo. Para assegurar o combate às iniquidades, sobretudo as que interseccionam raça, gênero e classe, e que constroem distância social no Brasil entre negros, indígenas e brancos é necessário vontade política, compromisso com a história e com a justiça devida à população negra deste país”, afirma a antropóloga Naira Gomes, integrante da Frente em Defesa do Estatuto e da Marcha do Empoderamento Crespo.

“O estatuto está falando de 83% da população de Salvador, esta que não possui oportunidade e – muitas vezes – nem dignidade para viver na cidade considerada a mais desigual socialmente pelo IBGE. Esse projeto vem para reparar essa dívida que a gestão municipal possui com os negros e negras soteropolitanos/as”, ressalta Sílvio Humberto.

O vereador Marcos Mendes (PSol) afirma que “na cidade mais negra fora da África, capital do Estado mais preto do país, o Estatuto da Igualdade Racial tem que ser aprovado na íntegra, sem interferências do pensamento conservador e dogmático da branquitude reacionária”.

A Frente convoca: “Traga seu corpo, sua voz, sua alma. Traga seu quilombo, seu coletivo, sua instituição! Quarta-feira, dia 29, temos uma batalha contra o racismo, o machismo, o ódio religioso, a LGBTfobia e pela garantia das existências e a inviolabilidades das nossas vidas, dos nossos corpos, direitos, consciências e subjetividades!”

Da Redação do Correio Nagô, publicado em 28/05/2019  

Confira a Carta Manifesto da Frente em Defesa do Estatuto da Igualdade Racial, assinada por mais de 80 organizações sociais e lideranças políticas

 

Salvador, 07 de Maio de 2019

 

Carta Manifesto da Frente em Defesa do Estatuto da Igualdade Racial

 

Processos históricos e ideológicos como a escravidão, a colonização, o branqueamento e o mito da democracia racial, forjaram padrões, subalternidades e exclusão contra a população negra no Brasil.

Segundo dados do IBGE de 2017, a cidade de Salvador tem sua população composta por aproximadamente 82% de negros (pretos e pardos) e por apenas 17% de pessoas autodeclaradas brancos. Ainda segundo este mesmo levantamento, o IBGE aponta a cidade de Salvador como a capital da desigualdade. Dados alarmantes como a diferença de cerca de 67,8% entre os salários de pretos e brancos indicam como o racismo condiciona a vida da população negra nesta cidade.

Reparação, retratação, igualdade racial e equidade precisam ser premissas de um Estado comprometido com seu povo. Para assegurar o combate as iniquidades, sobretudo as que interseccionam raça, gênero e classe, e que constroem distância social no Brasil entre negros, indígenas e brancos é necessário vontade política, compromisso com a história e com a justiça devida à população negra deste país.

Direito à dignidade da pessoa humana, direito à vida, direito à liberdade de culto e outros aspectos básicos contidos na Constituição Brasileira necessitam de instrumentos garantidores, mecanismos que transformem princípios ideais em concretudes na vida dos indivíduos marcados pela exclusão. O Estatuto da Igualdade Racial do Município de Salvador é uma das ferramentas fundamentais para promoção da justiça e da equidade social.

A Frente em Defesa do Estatuto da Igualdade Racial de Salvador é composta por corpos em luta, vontades sinceras e entendimentos engajados; se coloca para exigir a discussão e votação desta lei; converge as experiências concretas de militantes do Movimento Negro e pessoas comprometidas com o enfrentamento das ofensivas de um projeto político excludentes e genocida.

Não nos eximiremos, combateremos o racismo, o machismo, o ódio religioso, a LGBTfobia e garantiremos a existência e a inviolabilidade dos nossos corpos, direitos, consciências e subjetividades!

  1. Vereador Silvio Humberto (PSB)
  2. Vereadora Marta Rodrigues (PT)
  3. Vereador Moisés Rocha (PT)
  4. Vereador Suíca (PT)
  5. Vereador Marcos Mendes (PSol)
  6. Deputada Estadual Olívia Santana (PCdoB)
  7. Marcha do Empoderamento Crespo
  8. Frente Makota Valdina
  9. Unegro
  10. Mahin – Organização de Mulheres Negras
  11. Candaces – Mulheres Negras e Jovens
  12. Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas
  13. Ilê Axé Torrum Gunan
  14. Rede de Mulheres de Terreiro
  15. Conselho Pastoral de Pescadores
  16. Instituto Búzios
  17. Coletivo Luiza Bairros
  18. Lista Negra
  19. Instituto Ceafro – Iceafro
  20. Rede Nacional de Feminista Antiproibicionista
  21. ABPN – Associação Brasileira de Pesquisadores Negros
  22. Coletivo Negras – UFRB
  23. Coletivo Angela Davis – UFRB
  24. Grupo de Pesquisa Firminas Pós Colonialidade
  25. Fórum Marielles
  26. Campanha Brasil sem Racismo
  27. Escolinha Maria Felipa
  28. Campanha Parem de nos Matar
  29. Campanha Fazer Valer as Leis 10.639 e 11.645
  30. Capacidade Evolutiva
  31. Afoxé Filhos do Congo
  32. Escolinha Maria Felipa
  33. Movimento de Libertação da Mulher (Nordeste de Amaralina)
  34. Rede de Sapatá
  35. APAN Associação de Profissional do Audiovisual Negro
  36. Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP
  37. Rede Afro LGBT
  38. Rede Nacional de Negras e Negros LGTQ
  39. LECADIA – Laboratório de Estudos conexões Atlânticas e diáspora africana
  40. COGITARE: Pesquisas sobre Corpo, gênero, representações e praticas de cuidado.
  41. Coletivo De Trans pra Frente
  42. Coordenação de Políticas Afirmativas da UEFS – Propae
  43. Grupo de Estudos Negros do Ifbaiano Santa Inês
  44. UnaLgbt
  45. Coletivo LESBIBAHIA
  46. Mães do Arco-íris
  47. Núcleo de Desenvolvimento Social e Cultura da Bahia – NUDESC
  48. Transbatukada
  49. Rede Trans Brasil
  50. Associação de Remanescente de Quilombos e Povos Tradicionais de Entre Rios e Adjacências
  51. Articulação de Lésbicas Brasileiras
  52. União da Juventude Socialista
  53. União Brasileira de Mulheres
  54. União de Estudantes da Bahia
  55. Círculo Palmarino
  56. Instituto Cultural Caras e Bocas
  57. Coletivo Luiza Bairros
  58. Rede de Mulheres Negras da Bahia
  59. Coletivo de Mulheres Negras Abayomi
  60. Associação Cultural Aspiral do Reggae
  61. Associação Cultural de Hip Hop Nova Saga
  62. Conen – Coordenação Nacional de Entidades Negras
  63. Conselho Municipal de Comunicação Negras de Salvador – CMCN
  64. Frente Nacional de Negros e Negras – FNN
  65. Programa Direito e Relações Raciais – PDRR
  66. Projeto Mende
  67. Instituto Malê de Acesso à Justiça – IMAJ
  68. Frente Negra da UFBA – FENUFBA
  69. Comitê Contra as Fraudes nas Cotas Raciais – UFB
  70. Mostra Mohhamed Bamba
  71. CineQuebradas
  72. Mobilidade de Mulheres Negras na Cidade
  73. Entreminas
  74. Terreiro de Angola Xaomim
  75. Associação de Moradores de Teotônio Vilela
  76. Associação de Surdos de Ilhéus
  77. União de Brasileira de Mulheres – Ilhéus
  78. Casa Viva
  79. União de Brasileira de Mulheres – Ilhéus
  80. Casa ViVA
  81. IPCDH Instituto Popular Cárcere e Direitos Humanos José Pereira Conceição Júnior
  82. Associação de Moradores do Nordeste de Amaralina
  83. Cine Maloca
  84. Foserena – Fórum de entidades do Nordeste de Amaralina
  85. Coletivo de Entidades Negras- CEN
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