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Mulheres dão a nota e as tintas no Fórum Social Mundial, na Tunísia — Rede Brasil Atual

Movimentos feministas estão tecendo uma rede pan-africana e, com ela, estão ponto o continente em contato com o mundo

Túnis – Ela mostra apenas os olhos – aliás, lindos – com o restante do corpo completamente coberto pela Niqab – ou burka, como a chamamos nós genericamente. Defende com bravura seu uso, dizendo que é sua escolha, e que tem o direito de usá-la na universidade. Estuda Engenharia, deve andar na casa dos vinte e poucos, no máximo. Diz que é constrangida por professores que se recusam a recebê-la, alegando “um problema de comunicação”. Afirma ainda que não é constrangida por ninguém, nem quer constranger outras pessoas. É apoiada por um estudante a seu lado, numa das tantas mesas de que dispõem os participantes do Fórum Social Mundial, décima segunda edição, em Túnis, capital da Tunísia.

O assunto, é claro, provoca controvérsia. É livre ou não é livre? Seu uso (da Niqab) penaliza ou não as mulheres? Afinal, penso eu, em minha vida de professor nunca pedi que freira nenhuma deixasse minha aula, nem faria isso. E agora, José? Mas, lembra minha esposa Zinka, o que pensará ela daqui a vinte anos? E se tiver uma filha, o que acontecerá?

Este foi um dos tantos momentos deste primeiro dia efetivo do Fórum Social Mundial, realizado no campus da Universidade El Manar, no subúrbio da capital tunisiana. No dia anterior houve a marcha de abertura, que atravessou a cidade da praça 14 de Janeiro, assim batizada em lembrança do movimento que, dois anos atrás, derrubou o ditador Zine Ben Ali, até o longínquo estádio Menzah. Muita música, festa, palavras de ordem sobre meio-ambiente, Palestina, emprego, fim do imperalismo e do capitalismo e… mulheres.

Elas são, de fato, tema e presença dominante neste fórum. Previamente, uma conferência de seus movimentos antecedeu o próprio evento e a marcha de abertura. Ao fim da marcha, no estádio, houve uma sessão de discursos, antes do esperado show de Gilberto Gil. Falaram só mulheres, de todos os quadrantes da África. A representante do Mali atacou o desemprego em seu país e a guerra dividida entre a presença

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