Poetisa, atriz, cantora, escritora, dramaturga, ativista e intelectual. Elisa Lucinda, referência intelectual e artística no Brasil e no mundo, lança em Salvador, no próximo 30 de abril, seu 19° livro, ilustrado por David Lima e publicado pela Editora Malê: “Quem me leva para passear”. O evento, com início agendado para às 17h, na Casa do Benin (Pelourinho), contará com a participação de artistas como Fabrício Boliveira, Glenda Nicácio e Aldri Anunciação, que atuarão na leitura dramática de parte do texto, ritual que marca o estilo da escritora e com o qual ela retroalimenta seu percurso criativo via oralidade.
Em “Quem me leva pra passear”, a multiartista lança mão da escrita em primeira pessoa, convocando uma narrativa intimista e subjetiva com o mundo de Edite, personagem que caminha do último romance intitulado “Livro do avesso: o pensamento de Edite” e chega em uma autoficção provocante, carregada de afirmação política e filosofia ubuntu, para além de brindar a leitura com a poética cortante e delicada da escritora. “Esse livro é um exercício de liberdade”, afirma.
Inquieta, ao longo dos 35 anos de carreira, Elisa atua em múltiplas áreas criativas e sociais. Além do trabalho consolidado com Teatro e Televisão, a atriz acaba de rodar filmes com diretoras expoentes do cenário nacional, “O Pai da Rita”, de Joel Zito e “Papai é Pop”, de Caíto Ortiz, onde contracenou com Lázaro Ramos, com quem cultiva uma história de amizade e parcerias profissionais. O ator, que se apresentou este ano como diretor de cinema em Medida Provisória, tem construído junto a artista possibilidades de adaptação dramatúrgica das histórias de Edite. Destaque também para a atuação em “Manhãs de Setembro”, produção da Amazon Prime que tem a cantora e atriz Liniker como Cassandra, filha da personagem vivida por Elisa, Vanusa.
As personagens trazem o tom de sua versatilidade, do talento arejado e da ação multiprofissional que evidenciam ainda mais a potência das mulheres negras na arte brasileira. Por isso, seu texto e sua postura ético-política nas redes, no trabalho de articuladora cultural e realizadora, também trazem a luta contra o racismo, o sexismo e toda forma de opressão como princípio que guia e sustenta as mais diversas iniciativas da artista.
”Sankofa”, projeto da Casa Poema que trabalha com poesia falada nos quilombos, e “Catadoras de Poesia”, trabalho literário que desenvolve junto a mulheres catadoras de materiais recicláveis, junto a Flup – Festa Literária das Periferias, são algumas das iniciativas de cunho sociorracial que Elisa tem atuado no último período. Com a Empresa Brasil de Comunicação, participou de uma série do projeto “Diálogos Contemporâneos e Histórias Brilhantes”, além de apresentar, a convite da Editora Record, uma ontologia de Adélia Prado, que reune quatro obras da escritora com quem Elisa tem profunda relação de referência: Bagagem (1976), O coração disparado (1978), A faca no peito (1988) e Oráculos de maio (1999).