09/02/2018 | às 22h56
Todos os anos extensa lista de músicas do verão baiano divide opiniões sobre a objetificação da mulher. “Popa da Bunda”, “Bumbum Carente”, “Rabetão no Paredão”, “Psiquiatra do Bumbum”, “Bumbum do mal”, “Sarra Bumbum”, “Bum bum tam tam”, dentre outras, disparam na lista de sucessos deste Carnaval.
“Gosto da música Popa da Bunda. Tenho pensado na marginalização ou exclusão, preconceito e discriminação que os cantores de pagode sofrem. Tenho pensado sobre o grupo que curte e que está na mesma condição de discriminação. Essa reflexão tem feito com que eu tenha um outro olhar sobre quem canta, e compõe e sobre quem curte. Não perdi de vista, que a discriminação da mulher não pode e não deve ser tolerada. Sou contra a qualquer música que objetifique a mulher e/ou que faça apologia a violência contra a nós mulheres”, argumenta a pós-graduanda em Gênero, Raça e Sexualidades, Mônica Fonseca.
“Em relação às músicas que tocam, como Popa da Bunda e Bumbum Carente, é lógico que há questões que poderiam ser melhoradas nas letras, mas também há o duplo sentido. Uma forma de brincar com falas cotidianas. Não vejo problemas em termos da música, do pagode. O problema é o machismo que objetifica o corpo da mulher aí sim é um complicador, pois ele age se aproveitando de certas deixas. É questão de interpretação do que o homem machista acha que pode fazer ao ver uma mulher dançar seja pagode ou qualquer outro ritmo. Pela questão histórica de achar que a mulher que dança ou esse tipo de letra dá o espaço para que ele possa ser machista e abusivo, aí sim temos um problema”, considera a professora da rede pública Adilane Oliveira.
Para a deputada Luiza Maia (PT) as composições são um retrocesso e chama a atenção para o cumprimento da Lei 12.573/12 (Lei Antibaixaria estadual) por parte do Governo do Estado e da Lei 8.286/2012 (Lei Antibaixaria municipal), por parte da Prefeitura de Salvador. “Só tem bunda da mulher nas músicas do carnaval. Não podemos retroceder na luta pela valorização e respeito à mulher. Não somos só peito, coxa e bunda! A Lei Antibaixaria tinha inibido esse tipo de música que nos rebaixa a objeto, mas no carnaval deste ano a coisa descambou outra vez. Não iremos nos curvar. Temos, inclusive, o Ministério Público, a Defensoria Pública e a Coordenadoria da Mulher do Tribunal de Justiça como aliados nesta luta”, afirmou a parlamentar, que preside a Comissão dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa da Bahia.
A música Popa da Bunda de Psirico e Attooxxa é uma das mais tocadas neste verão:
O tema divide foliões e não é pauta exclusiva das canções de pagode. Em “A Cor Amarela”, lançada em 2009, Caetano Veloso cantou:
Que onda
Que onda
Que onda
Que dá
Que bunda
Que bunda
Donminique Azevedo dos Santos é repórter do Portal Correio Nagô.