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Na Tunísia, Forum Social renova aversão a enquadramentos em formatos e temas — Rede Brasil Atual

Túnis – Desde sua primeira edição, em 2001, em Porto Alegre, o Fórum Social Mundial apresentou uma tensão interna axial. Claro que havia outras, mas esta era constitutiva, conceitual. Refiro-me à tensão entre os que viam o fórum como um espaço de encontro e debate, sem eixos nem decisões de ação, e os que viam-no, ao contrário, como um impulsionador de ações concretas. Havia múltiplos matizes entre ambos os extremos, mas aquela tensão dominou a vida dos fóruns – e ainda a domina hoje – embora, aparentemente, um dos lados tenha estabelecido sua hegemonia sobre seu espaço e seu processo.

A primeira posição era defendida, sobretudo, pelas inúmeras ONGs e suas supraorganizações nacionais e internacionais. A segunda, por sindicalistas, militantes de partidos políticos (embora estes não tivessem representação oficial nas deliberações) ou intelectuais ligados à militância histórica anti-imperialista.

Ambas as balizas deram contribuições históricas ao Fórum Social. Não se pode esquecer que grande parte da sua vitalidade veio da sua abertura para um leque de atividades e posições que não era limitado por nenhuma disposição de se obter uma “declaração final” obtida através de processos que, por mais abertos que sejam, permanecerão herdeiros, pelo menos por muito tempo, das velhas concepções de “centralismo democrático”. Por outro lado, também não se pode esquecer que a mesma vitalidade se deveu também a consignas matriciais como a da grande manifestação em favor da paz e de uma cultura da paz (às vésperas da invasão do Iraque), na terceira edição, ainda em Porto Alegre.

Mas a tensão continuou, e, com o passar do tempo, o predomínio da concepção do “espaço aberto” tornou-se hegemônica nos conselhos decisórios dos fóruns. A segunda concepção, axial (chamemo-la assim), passou a segundo plano.

Isso provocou um estremecimento nas relações internas, e representantes desta última corrente, ressentidos, passaram a ver, no Fórum Social, um espaço esvaziado e desvitalizado, pelo menos parcialmente, de sua razão de ser. Este olhar se manifestou em relação à décima segunda edição do fórum, realizada na Tunísia, de 26 a 31 de março.

Para quem acompanhou o Fórum Social, de fato ele pareceu mais dispersivo e fragmentado do

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