Um grupo de 33 mulheres resolveu se unir para construir seus próprios apartamentos, na região central de Caracas, capital da Venezuela. Para isso, ocuparam um armazém abandonado e pediram apoio governamental para desapropriação do terreno. Mais além, depois de permanecer no local com seus filhos, fazer vigília, pressionar o governo e conseguir a desapropriação, agora, elas mesmas estão pegando no pesado para garantir o sonho da casa própria. A obra está avançada. “Próxima quarta-feira vamos colocar o concreto das vigas”, diz Greimar Freites, mãe de um filho e administradora geral.
“Unimos um grupo de mães solteiras e fizemos um acampamento aqui. A luta foi grande. Havia muitas pessoas contra, mas aqui estamos”, diz com orgulho Yuri Colina, 30 anos e mãe de um filho. Ela explica que a ideia veio há cerca de dois anos, quando passavam pelo terreno abandonado no centro da cidade. A maioria delas mora na casa dos pais. “Decidimos ocupar e fazer nossas casas por autogestão. Reivindicamos ao presidente (Chávez) e ele nos deu apoio”, concluiu. A área onde encontra-se o futuro edifício fica a menos de um quilômetro do Palácio de Miraflores, sede do governo da Venezuela. O nome tenta traduzir o sentimento de orgulho das futuras donas, “Nova Comunidade Socialista Mulheres Vencedoras”. Apenas três das famílias listadas são comandadas por homens.
Karen Cortéz, 25 anos e com três filhos, explica que a demolição do antigo armazém abandonado foi feita por elas próprias. Mostram orgulhosas na tela do computador, no pequeno escritório dentro da obra, as primeiras fotos da empreitada. O projeto foi elaborado pelo Movimiento de Pobladores (movimento popular pela moradia, em tradução livre), que também é o encarregado de capacitá-las para o serviço pesado.
O financiamento vem do Fundo de Compensação Interterritorial, destinado a investimentos públicos de compensação regional e políticas complementares. Estão sendo investidos 6,6 milhões de bolívares (cerca de US$ 1 milhão) em todo o projeto.
Com unhas pintadas, maquiagem e capacete, as 33 mulheres envolvidas no projeto administram tudo, desde a tomada de preços dos materiais de construção, à contratação de pedreiros, arquiteto e engenheiro. “Nós fazemos a construção, mas eles são a mão-de-obra especializada”, explica Yordana Campos, 23 anos e mãe de um menino. Os poucos pedreiros presentes capacitam as mulheres, que pegam no pesado no horário da tarde. Os dois edifícios, quando prontos, terão 36 unidades (duas por andar), um parque para as crianças e um pequeno teatro. Os apartamentos serão de 57 metros quadrados, dois quartos, sala, banheiro e cozinha.
A entrega do primeiro edifício está prevista para outubro desde ano. “Já fizemos o contato com o programa Minha Casa Bem Equipada para o financiamento de móveis, geladeira, fogão”, diz Greimar. Ela refere-se ao programa do governo que financia a compra de móveis, eletrodomésticos e toda linha branca para as casas com baixos juros e largo prazo de pagamento.
“Nosso maior desafio foi unir a comunidade”, sentencia Greimar. “Depois dessa obra vamos estudar para ser engenheiras”, diz Yordana. “Sou chorona quando me lembro das dificuldades, mas vencemos”, conclui Yuri. (com ComunicaSul – Comunicação Colaborativa)
Fonte: Brasil de Fato