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Negra, do Bando e destaque no cinema nacional

Ela tem mais de 30 de anos de teatro. Com premiação, nunca havia sido reconhecida, até o 50º Festival de Brasília de Cinema Brasileiro, quando ganhou o Candango de Melhor Atriz.

FOTO: Junior Aragão

“Eu fiquei muito feliz, confesso. É meu primeiro prêmio. Nunca ganhei nada aqui dentro de Salvador nem fora. Este prêmio é grandioso e representativo. Engraçado que quando acabou a exibição lá, as pessoas já falavam ‘que bacana, foi lindo, você estava super bem’. Sempre me empenhei para fazer qualquer papel, mas em “Café Com Canela” meu empenho maior veio por reconhecer que é um filme produzido pelos estudantes e egressos do curso de Cinema da Universidade Federal do Recôncavo, em Cachoeira (BA)”, conta, emocionada, Valdinéia Soriano, agraciada por sua atuação no filme de Ary Rosa e Glenda Nicácio. A produção baiana ganhou outros dois troféus: “Melhor Roteiro” – Ary Rosa; e “Prêmio Petrobras de Cinema” – escolhido por júri popular e que assegura R$ 200 mil para distribuição do longa.

Receber o convite para fazer o filme ‘Café com Canela’ foi uma surpresa. Um misto de friozinho na barriga com alegria. Interpretar Margarida foi uma responsabilidade muito grande. Ela representa muitas mulheres que passam por perdas (de filhos, de companheiros e companheiras, de autoestima…perdas). Quero agradecer a Glenda Nicácio e Ary Rosa Duarte por tanta sensibilidade e pela confiança! – declarou Valdinéia, no Facebook, em 07 de fevereiro de 2016.

Val (como carinhosamente é chamada) é integrante do Bando De Teatro Olodum, grupo que é uma referência nacional em Teatro Negro. “Minha escola de verdade sempre foi o Bando. Meu compromisso com o Teatro Negro sempre foi grande. Após a premiação, vou continuar fazendo o que sempre fiz, com o reconhecimento de outros, porque os meus já me viam e aplaudiam. Espero que a premiação seja uma porta aberta para outras atrizes negras. A gente não caminha sozinha. Temos que caminhar em bando, juntos!”, diz.

RESISTÊNCIA

Val atua e produz no Bando, acúmulo de funções bastante comum entre aqueles que a dramaturgia escolhe. Para os artistas negrXs, é praticamente a única maneira de continuar fazendo arte.

“Vendo todas as mensagens ao tempo que vejo também o que está rolando na Rocinha (Rio de Janeiro), no Nordeste de Amaralina (Salvador), aí você pensa: ‘que massa que estou passando por isso aqui, mas olha os meus aqui também’. Você celebra, mas a celebração tem essa ‘limitação’ quando você pensa no seu povo”, declara Val.

Donminique Azevedo é repórter do Portal Correio Nagô.

 

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