A cultura dominadora ainda é a da “Casa Grande”, repleta de valores etnocêntricos, brancos e excludentes, essa cultura define a ordem das coisas na sociedade atual. Os avanços do mundo moderno, as novas configurações da vida, vestiram de roupagens novas questões antigas, como o preconceito, a desvalorização da diferença, a imposição de valores oriundos de outras culturas. Ou seja, a vida no Brasil pós-colonialista, traz marcas profundas de um momento histórico que passou, mas que segue reproduzindo seus mecanismos de exclusão, separação e dominação.
O negro no Brasil é estigmatizado, isso quer dizer que em torno dele tem uma série de marcadores históricos, cheios de marcas de exclusão. As representações em torno do negro, que se traduzem como ser sujo, ser pobre, ser feio, ser bandido, ser burro etc., ainda imperam em nossa sociedade. Até por que numa sociedade onde os padrões, os valores são brancos, onde a beleza exaltada é branca, não teríamos lugar para outras questões em torno do negro, a não ser esta que citamos acima. A questão também é que o preconceito, a discriminação, a desvalorização, a exclusão ocorre nos bastidores, de uma forma muito velada, o que impossibilita muitas das vezes qualquer possibilidade de mudança.
Quando se trata de negro e gay, os estigmas ficam um pouco pior – por que numa sociedade heteronormativa, onde os valores culturais são predominantemente brancos, pode-se dizer que a exclusão é dupla, por ser negro e gay. O contexto gay no Brasil particularmente, é profundamente americanizado, elitizado e cheio de marcadores, ou sejam: o poder aquisitivo, o corpo malhado, a beleza sutil do branco, são evidenciados de forma excludente nos locais gays.
Tais aparatos de exclusão foram construídos socialmente, existe um histórico por traz disso tudo.