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No Dia Internacional da Dança destaque para Amazonas pioneira na dança afro da Bahia

No Dia Internacional da Dança, comemorado em 29 de abril, um dos mais importantes nomes da dança do Brasil, o bailarino e coreógrafo José Carlos Arandiba, mais conhecido como Zebrinha, fala de suas principais inspirações para trilhar a carreira da dança. Entre elas está a dançarina soteropolitana Altair Amazonas e Silva.

Atualmente compondo o júri técnico do quadro Dança dos Famosos, do Domingão com Huck (Rede Globo), Zebrinha é diretor artístico de dois importantes grupos da cultura baiana: o Bando de Teatro Olodum e o Balé Folclórico da Bahia, uma das companhias de dança mais aclamadas do mundo.

Foto: Divulgação

Para Zebrinha, a dançarina Amazonas é a diva e inspiradora da dança negra na Bahia, de quem todos eram fãs na década de 1970. A artista era o destaque da companhia de dança folclórica Olodumaré, criada por Edvaldo Carneiro e Silva, o mestre de capoeira Camisa Rosa. Os ensaios e apresentações do grupo aconteciam no Teatro Castro Alves, atraindo a atenção da cidade para a presença marcante daquelas pessoas negras no espaço de reconhecimento da arte da Bahia.

O bailarino e coreógrafo afirma que sempre contou sua própria história através da dança e, há tempo, nutria o desejo de contar as histórias de outros artistas negros como ele. “Até que um dia eu encontrei a dançarina Amazonas, no Centro de Salvador. Uma mulher maravilhosa e uma artista importantíssima para a dança, pioneira, em um momento ainda mais difícil para as mulheres negras e para toda a população negra. Ela sempre foi altiva, corajosa, enfrentando o racismo e o machismo. Por conta de histórias como a de Amazonas eu decidi tocar o projeto deste filme”, detalha Zebrinha.

Filme trará depoimento e registros de diferentes gerações

O documentário é pautado pelas vivências, memórias e saberes das mestras e mestres, com entrevistas, performances e importantes registros guardados em imagens de arquivo.

O filme foi todo gravado em Salvador, no mês de março, e a previsão é que o lançamento aconteça em novembro deste ano. Zebrinha é idealizador, diretor e roteirista do projeto e conduz as entrevistas com artistas responsáveis por elevar a dança da Bahia ao reconhecimento nacional. Além de Amazonas (Altair Amazonas e Silva), estão Nadir Nóbrega, Clyde Morgan, Inaycira Falcão, Edeise Gomes, Edleuza Santos, Senzala, Luiz Bokanha, entre outras.

O público poderá conhecer como esses artistas foram protagonistas de uma série de movimentos, a exemplo dos grupos Viva Bahia, Frutos Tropicais, Olodumaré, e do fortalecimento da Escola de Dança da UFBA (Universidade Federal da Bahia). Na década de 1970, o afro-americano Clyde Morgan, um dos entrevistados, foi quem introduziu a dança negra na estrutura de ensino de uma das primeiras escolas de nível superior em dança do Brasil. O primeiro homem a estudar nesta Escola de Dança da Ufba foi Raimundo Bispo, o Mestre King, um dos homenageados pelo filme Memória da Dança na Bahia.

Amazonas integra a geração de pioneiros da dança

Com muita disciplina e entrega, aliada ao corpo esguio, simpatia e beleza exuberantes, Amazonas se destacava em diversas coreografias e em todos os elementos da dança afro, como a capoeira, o maculelê, o samba de roda e a dança feita para os orixás.

A dançarina integrava a companhia criada por Camisa Roxa, que faleceu em 2013 e era discípulo de Mestre Bimba, sendo responsável por divulgar a capoeira pelo mundo. Amazonas também dançou com nomes de referências como Flexa e Mestre King, e integrou o Viva Bahia, companhia criada pela etnomusicóloga, professora e pesquisadora da música folclórica brasileira, Emília Biancardi, em 1962.

No documentário, Amazonas fala da dedicação dos dançarinos da sua geração ao desenvolvimento de uma linguagem negra na dança, aborda o preconceito sofrido como mulher e negra nas artes e das suas boas lembranças ao lado de mestres e mestras da dança da Bahia. Ela revelou que, na década de 1980, deixou a dança para se dedicar à família, incluindo os pais idosos e um filho recém-nascido que necessitavam dos seus cuidados.

O projeto do documentário é realizado em cooperação com a Fundação Pedro Calmon e Secretaria de Cultura da Bahia, com produção da Modupé Produtora, produzido por Zebrinha, Susan Kalik e Thiago Gomes. Com roteiro de Zebrinha e Susan Kalik, fotografia de Gabriel Teixeira, trilha sonora original de Jarbas Bittencourt, com Thiago Gomes, como montador e diretor assistente.

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