Home » Revista » “No teatro ou na televisão, estou sempre ativando a minha ancestralidade africana”. Entrevista com o ator Jhe Oliveira, da novela Gabriela por Juliana Dias

“No teatro ou na televisão, estou sempre ativando a minha ancestralidade africana”. Entrevista com o ator Jhe Oliveira, da novela Gabriela por Juliana Dias

Por Juliana Dias*

Ele pode exercer diversas outras profissões, mas nunca deixará de ser ator; pode ter no cadastro da Rede Globo 19 homônimos, mas nunca deixará de ser o Jefferson Oliveira, cria de Ilhéus, filho da baiana de acarajé mais famosa da cidade, Dona Dora e do pescador João da Preguiça. Jhe Oliveira, como hoje é reconhecido nacionalmente, há quatro meses dá vida e sensibilidade ao personagem Negro Fagundes no remake de Gabriela e há 21 anos brilha nos palcos baianos, levando na bagagem 26 espetáculos. Nesta entrevista concedida especialmente ao Portal Correio Nagô, do qual é fã, Jhe Oliveira, de 33 anos, fala sobre a ancestralidade africana que carrega e que o faz completo e forte diante das dificuldades e desafios que um ator negro enfrenta para ter reconhecimento e valorização na arte que faz.

Crédito: divulgação

“Gabriela e seus personagens deixaram gostos e cheiros em todo canto da cidade. Mas na real, se olhar para os lados de Ilhéus logo se ver uma Bié. Aliás, uma não, milhares”.

Você nasceu na cidade onde foi ambientada a trama de Gabriela. Como foi para você esse clima na época da primeira versão e agora com o remake?
Pois é! Sou um ilheense nato! Nascido na Av. Princesa Isabel, ali na rua Santa Inês. No “beco”. Bom, eu não era nascido na época da primeira versão, mas cresci ouvindo minha mãe cantando as músicas da trilha musical da novela e falando de Sônia Braga. Anos mais tarde, não me lembro exatamente quando, mas sei que ainda era criança, vi cenas da novela em reprise e com certeza a cena do telhado ficou em minha mente: aquela mulher que parecia da família, poderia ser qualquer mulher que andava pelas ruas da minha cidade, pois todas se pareciam e eram belas, apenas por serem naturais e instintivas. Hoje, eu sinto orgulho de estar nessa versão e ser o único ator de Ilhéus no elenco. É como se eu ajudasse a contar uma história que mesmo nascida da imaginação do grande Jorge Amado tem vida própria nas ruas da minha cidade. Gabriela e

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