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“Nos EUA, a mídia étnica cresce mais que a tradicional”. Entrevista com Paulo Rogério Nunes no Observatório da Imprensa

No início de 2011, o baiano Paulo Rogério Nunes recebeu a notícia de que havia sido selecionado para uma bolsa de estudos do Programa Fulbright Hubert H. Humphrey destinado ao aperfeiçoamento, nos Estados Unidos, de profissionais em meio de carreira. Foi como um coroamento. Até os 20 anos de idade, Paulo sequer cogitava cursar uma universidade. O bairro Alto da Terezinha/Rio Sena, subúrbio de Salvador onde nasceu e cresceu, está encravado numa região com mais de 90% de afroascendentes e hoje é sede de uma UPP. Sob os auspícios da bolsa, ele pôde conhecer alguns dos maiores veículos de mídia dos Estados Unidos e viver experiências marcantes naquele país.

Em sua adolescência, Paulo Rogério, que tem hoje 31 anos de idade, foi favorecido pelo admirável mundo novo da internet, que dava os primeiros passos no Brasil. Foi seu abre-te Sésamo, seu passaporte para novas descobertas. Por meio da grande rede, pôde ler muito e aprender inglês como autodidata. Passou a se interessar pela cibercultura e tomar conhecimento do movimento negro internacional. O apoio familiar, aliado a essa combinação de estímulos, permitiu que, em 2002, ele ingressasse na Universidade Católica de Salvador, onde fez o curso de Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda, que concluiu quatro anos depois.

Programa de bolsas

A universidade representou uma nova tomada de consciência. Lá ele começou a atuar no movimento estudantil, tendo criado um núcleo de estudantes negros com o objetivo de ampliar a democratização da mídia no Brasil. Participou, nesse meio tempo, de um curso para jovens líderes no  Instituto Steve Biko , na capital baiana, fato que ampliou ainda mais seu acesso ao debate sobre o racismo em nosso país.

Era o início de uma trajetória que levou Paulo Rogério a visitar 14 países – sendo 5 deles na África –, fundar, com amigos, o  Instituto Mídia Étnica , em 2005, uma das referências nesse segmento no Brasil, e participar da criação do portal  Correio Nagô , ambos com base em Salvador. O reconhecimento por esse trabalho veio em 2008, quando foi escolhido para ser  fellow  da  Ashoka Empreendedores Sociais ,

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