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“Quem é racista, tem medo”

A ministra Cécile Kyenge

“Quem é racista, tem medo. Diversidade é riqueza”, disse Cécile Kyenge em uma das inúmeras entrevistas que vem concedendo aos jornais italianos após o mais novo ataque racista de que foi vítima. Em um evento do seu partido na sexta-feira 26, uma pessoa não identificada jogou bananas em sua direção.

A imprensa brasileira tem divulgado bastante o caso. Há duas semanas, atletas cubanas foram chamadas de “negras de merda” em Santa Catarina. A mídia brasileira sequer divulgou o fato. Por que a diferença de tratamento?

A grande mídia brasileira, defensora das opiniões mais conservadoras do cenário político, procura defender duas teses. A primeira é a de que racismo é comum na Europa, ao contrário do Brasil. A segunda tese só reconhece o racismo objetivo, aquele que afirma que é racista. Ambas derivam do mito da democracia racial.

Com isso, muito se defende que o racismo brasileiro é “subjetivo”, “disfarçado”. Um exemplo é a demissão do estagiário negro Marco Paulo dos Santos, pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Ari Pargendler, em um caso evidente de abuso de poder. Como não houve palavra alguma que denunciasse o racismo do magistrado, o caso deverá ser arquivado.

O racismo brasileiro não é propriamente subjetivo, mas subjetivado. É o caso das atletas cubanas. O repúdio veio das redes sociais e de blogs independentes. Os demais silenciaram. Ou seja: o racismo é objetivo, mas a reação – ou a falta dela – que o torna subjetivo. No caso ocorrido no STJ, muitos leitores da grande mídia defendiam que Marco Paulo foi racista, pelo fato de denunciar o racismo. Isso não ocorre na Europa.

De fato, as frustrações da crise econômica reacenderam as forças políticas reacionárias, xenofóbicas e racistas, mas a reação da sociedade e das instituições é bem diferente da que ocorre aqui. A mídia, o governo e as forças políticas reagem em defesa de Kyenge, sem medo de reconhecer e enfrentar o racismo. Quem quiser acompanhar, basta curtir a página da ministra no Facebook, no seguinte endereço: https://www.facebook.com/CecileKyengeKashetu?fref=ts.

No Brasil, o silêncio ecoa mais forte do que as palavras. “Quem é racista, tem medo”.

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