O NuCuS (Núcleo de Pesquisa e Extensão em Culturas, Gêneros e Sexualidade) apresenta web série com seis entrevistas no canal do YouTube do Núcleo. O objetivo é colaborar para que pessoas compreendam discussões sobre gênero, sexualidade e raça e a relação desses temas com diversas esferas da vida como feminismo, educação, cidades e artes. Para marcar o lançamento do projeto, uma live acontecerá no dia 05 de julho , às 19h, com alguns participantes do projeto no canal do YouTube da TV NuCuS, onde as seis entrevistas irão ao ar nesta mesma semana, sempre às 20h.
A falta de materiais didáticos e de fácil acesso sobre os temas da diversidade sexual e de gênero tanto para escolas quanto para o grande público foi a principal motivação para a construção do NuCuS Conecta. A educação é o principal vetor para a formação cidadã e socialização de crianças, adolescentes e jovens.
Em 2009, o Ministério da Educação encomendou uma pesquisa à FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, que chegou à conclusão de que as principais vítimas de bullying e discriminação na escola são pessoas LGBTQIA+, negras e pobres. Por outro lado, há um crescimento de pesquisadores/as da área de gênero e sexualidades em vários lugares do mundo. Trata-se de um esforço de profissionais que trabalham em pesquisas muitas vezes sem apoio e investimento financeiros, mas que buscam promover reflexões no campo da educação e da cultura. Um exemplo desse movimento são educadores/as e também artistas e coletivos artísticos que buscam discutir sobre questões de gênero, sexualidade, raça, capacistimo, entre outras opressões.
Apesar disso, o discurso de ódio contra pessoas LGBTQIA+ tem crescido, em especial neste momento de pandemia. Além das violências físicas, também ocorrem as violências online. O número de ataques às lives, invasões de grupos e cursos virtuais são uma prova disso. A ANTRA – Associação Nacional de Travestis e Transexuais afirma que apenas nos dois primeiros meses de 2020, o Brasil apresentou aumento de 90% no número de casos de assassinatos em relação ao mesmo período de 2019. Em 2019 foram 20 casos no mesmo período, enquanto em 2020, 38 notificações.
“É mais que urgente propor atividades de busquem diminuir a quantidade de assassinatos da população LGBTQIA+ e acreditamos que a educação e a cultura oferecem caminhos possíveis para sensibilizar e educar a população para o respeito às diferenças. O NuCuS tem promovido, ao longo dos últimos 13 anos, atividades que levem a sociedade a refletir sobre o respeito à diversidade, como veremos abaixo e o NuCuS Conecta é mais uma ação nessa direção”, explica David Souza. “Com essa web série queremos desmistificar os estudos de gênero e sexualidade no Brasil e mostrar que não é nenhum bicho de sete cabeças. Ao contrário, compreender esse campo é uma questão de direitos humanos, de respeito às diferenças, da construção de uma sociedade que respeita o próximo e luta pela equidade”, completa o coordenador do projeto David Souza.
NuCuS Conecta
Os seis programas terão como temas “Artivismos das dissidências sexuais e de gênero no Brasil”, “Gênero e sexualidade na educação”, “Questões trans e Intersexo”, “Subjetividades e racialidades”, “Cidades e corpos dissidentes” e “Lesbianidades e interseccionalidades”. Os temas surgiram a partir de discussões levantadas dentro do próprio NuCuS e que possuem, na atualidade, relevância para a comunidade LGBTQIA+.
Os programas podem auxiliar professores, pesquisadores e pessoas comuns em discussões introdutórias sobre gênero e sexualidade em salas de aula e cursos de formação. Os vídeos também visibilizam pessoas que atuam contra (e também sofrem) violências institucionais, físicas e simbólicas por conta de suas identidades de gênero e sexualidades dissidentes. “O NuCuS Conecta também vai tornar conhecido as dinâmicas, os processos de atuação, assistência e projetos que o Núcleo realiza em mais de uma década de atuação, tanto em nível local como nacional”, defende.
Sobre o NuCuS
O NuCuS – Núcleo de Pesquisa e Extensão em Culturas, Gêneros e Sexualidades se constituiu a partir de uma ampliação do grupo de pesquisa em Cultura e Sexualidade (CuS), criado em 2007, na Universidade de Federal da Bahia, por uma turma de estudantes de graduação em Comunicação, Letras e Ciências Sociais, junto ao Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT), liderados pelo professor Leandro Colling. Em 2018, o grupo se transformou em Núcleo, que atualmente possui seis linhas de pesquisa e congrega cerca de 80 pessoas pesquisadoras e/ou ativistas, com uma coordenação colegiada. O objetivo era, e ainda é, produzir pesquisas e atividades a partir e com os estudos queer e decoloniais. Os estudos queer são muito diversos entre si, mas, de modo geral, problematizam as visões essencialistas e biologizantes sobre as identidades de gênero e de sexualidade, adotando uma postura de rebeldia na luta pelo combate às opressões. Nesse sentido, essa perspectiva aponta como as normas conformam os nossos corpos em modelos normativos de comportamento e tenta desconstruir esses scripts por meio de ações mais radicais e autônomas. Já os estudos decoloniais permitem questionar como essas normas foram criadas a partir do processo de colonização pelo qual nosso país e nossas subjetividades foram construídas.
Serviço
O quê: NuCuS Conecta
Quando: a partir de 05 de julho de 2021 – 20h