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O Brasil negro e as tendências para 2013, por Athayde Motta

Veja o o artigo assinado pelo Athayde Motta, diretor-executivo do Fundo Baobá, sobre o negro em 2013, publicado na página de opinião do Correio Braziliense, no último sábado (dia 09/02).

» ATHAYDEMOTTA
Diretor do Fundo Baobá para Equidade Racial, mestre em antropologia pela Universidade do Texas, em Austin (EUA)

Nos anais da história, 2012 poderá ser lembrado como o ano em que decisões e mudanças inéditas deram importantes contribuições para a promoção da igualdade racial no Brasil. Refletir e escrever sobre tais eventos ao fim de cada ano deveria ser nosso passatempo preferido, pois é também uma maneira de registrar a história a partir de olhares diferentes e múltiplos.

Como é bem sabido, mas pouco reconhecido, a população negra tem sido a principal responsável por sua liberdade, inclusão e conquista da igualdade. Quem lhes nega esse papel viola a história da própria nação. A maioria das organizações da sociedade civil (OSCs) negras trabalha em condições precárias e sob pressão constante dos “democratas raciais”. Isso torna ainda mais importante a decisão unânime do Supremo Tribunal Federal sobre a constitucionalidade do sistema de cotas.

No entanto, a imprensa priorizou uma abordagem sensacionalista, que deu espaço para declarações tresloucadas em que o próprio STF foi acusado de rasgar a Constituição, uma clara opção pela mediocridade do status quo. Após essa decisão histórica, poderia ter-se falado das primeiras turmas de cotistas que já se formaram e que mostraram ser capazes de continuar na universidade, com médias superiores às dos estudantes meritocratas. Essa falsa disputa corre o risco de ser levada para o mercado de trabalho, em vez de forjar laços de solidariedade entre estudantes de classes e raças diferentes, que poderiam construir juntos uma sociedade mais igual.

O Plano de Prevenção à Violência contra a Juventude Negra foi lançado em 2012 e já tem projetos de expansão para este ano. A proposta é mobilizar a sociedade civil para que se cobrem medidas efetivas para reduzir o número de mortes entre jovens negros. Segundo o Ministério da Saúde, em 2010, das 49,9 mil vítimas de homicídios, 76,6% eram jovens pretos e pardos e 91,3% eram

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