Ônibus lotado, salário atrasado, polícia e solidão é a tônica do curta-metragem Cinzas, da diretora baiana Larissa Fulana de Tal, que será lançado neste sábado, às 19 horas, dentro da programação do Festival Negra América, no Centro Cultural Plataforma.
O curta, adaptado do conto homônimo do escritor Davi Nunes, tem como personagem principal o jovem Toni: estudante universitário, que trabalha como operador telemarketing na empresa Tumbeiro, na cidade de Salvador. As imagens de Cinzas fogem dos tradicionais planos alegres de propagandas do verão soteropolitano, e poderiam ser bem ambientadas em qualquer cenário urbano do Brasil.“Toni tem o corpo escravizado pela lógica trabalhista contemporânea que quase todos nós estamos submetidos. Ele já não agüenta mais o emprego no Call Center, sabe que é explorado e que precisa sobreviver sem perder a dignidade, e sem surtar. Sua consciência é livre”, comenta a diretora Fulana de Tal.
O filme é resultado da produção do coletivo de cinema negro Tela Preta, organização que pauta a representatividade negra no audiovisual. Para a Tela Preta, cinema e engajamento político se fundem. “Acreditamos que a temática racial no filme é tão importante quanto a autonomia da voz. Sabemos falar por nós mesmos, e isso é Cinzas”, comentou a diretora Larissa Fulana de Tal no primeiro lançamento do filme, em Brasília, no mês de julho, durante o Festival da Mulher Afro Latino-Americana e Caribenha (Latinidades).
Da Redação do Correio Nagô