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“O local que eles destruíram era lotado de árvores sagradas”, diz babalorixá sobre área devastada em Cajazeiras.

20/12/2018 | às 15h50

Cerca de três mil metros quadrados de área desmatada. Assim denuncia o HÙNKPÁME KÁRE LEWÍ XWÊ, terreiro de candomblé, localizado no bairro Fazenda Grande IV, em Salvador. De acordo com a comunidade religiosa, o espaço tem sido vítima de uma invasão, percebida no início deste mês, quando foram surpreendidos com diversas máquinas de terraplanagem.

Foto enviada por Usival Rodrigues

“O local que eles destruíram era lotado de árvores sagradas. A área destruída dava acesso ao córrego. Para gente do Candomblé, água é muito importante, pois não fazemos nada sem água. Somos uma casa e uma família que descende de Oxum e tudo fazemos com água. Nosso costume, na roça, está comprometidíssimo”, diz, em entrevista ao Portal Correio Nagô, o babalorixá Carlinhos de Oxum.

Foto enviada por Usival Rodrigues

De acordo com o advogado e membro do Terreiro Usival Rodrigues, o caso segue sem explicação. “A gente não consegue a informação sobre qual empresa está fazendo isso. Não há placa de identificação, sobre que tipo de empreendimento é esse, que obra é essa. Chegamos a conversar com os trabalhadores sobre quem seria o responsável pela obra e eles não sabem informar. O dano, efetivamente, já foi provocado. O que a gente quer é que as autoridades respondam e interrompam a obra”, declara Rodrigues, ao Portal Correio Nagô

O HÙNKPÁME KÁRE LEWÍ XWÊ já notificou o Ministério Público, foi registrado também um boletim de ocorrência na 13ª Delegacia Territorial de Salvador (DT/Cajazeiras). De acordo com Usival, uma perícia já foi efetuada pela polícia e a comunidade religiosa está aguardando o prazo para apresentação laudo pericial.

Foto enviada por Usival Rodrigues

Esta reportagem entrou em contato com Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (SEDUR) para saber sobre o Alvará de Licença para Construção. Até o fechamento desta matéria, a informação recebida da assessoria de comunicação do órgão é que uma equipe de fiscalização seria encaminhada ao local para verificar a situação e adotar as medidas necessárias.

Ao ser contactado sobre licenciamento ambiental de obra, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos  (INEMA) declarou, via assessoria de comunicação, que as informações são de responsabilidade da Prefeitura Municipal.

 

Donminique Azevedo é repórter do Portal Correio Nagô.

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