Nestas últimas eleições na cidade de Aracaju, notou-se uma grande quantidade de candidatos negros concorrendo ao cargo público de prefeito da capital sergipana. Entre os cinco candidatos apresentados, três traziam traços fenotípicos negros, e apenas dois podem ser considerado brancos. Os candidatos negros foram Vera Lúcia pela Frente de Esquerda (PCB, PSOL e PSTU), Reynaldo Nunes pelo Parido Verde (PV), e o prefeito eleito pela legenda do DEM (Democratas), João Alves Filho.
Com exatos 52,72 % dos votos contabilizados ao seu favor, o ex-governador do Estado levou a prefeitura da capital cujo estado ocupa o oitavo lugar referente à maior concentração de negros por metros quadrados. Contudo, há duas questões para serem levantadas no campo da reflexão. A primeira é: a vitória eleitoral do “negão” (como o mesmo é chamado) mudará substancialmente a vida da classe trabalhadora aracajuana, seja negra ou não? O segundo ponto ressalta o debate ainda não superado dentro do Movimento Negro no que tange a emancipação do sujeito de cor a partir dos marcos capitalista.
Governador por duas vezes no estado de Sergipe, e prefeito biônico da cidade de Aracaju durante a ditadura civil-militar, o legado administrativo de João Alves nos traz números que desfavorecem os negros da região.
Segundo dados presentes no Mapa da Violência elaborado pelo ministério da Justiça em 2011, de 2002 a 2008, abarcando então a gestão de João como governador, o índice de homicídio entre a população negra aumentou de 27, 2 % a 30, 1%. Referente a população branca houve decréscimo de 14,3% para 12,3%. A prática do racismo institucional materializado na corporação policial tornou-se rotina para aqueles que não se enquadravam na branquitude.
Em seu programa eleitoral com o tema segurança pública, O chamado “negão”, afirma que irá militarizar e armar a guarda municipal de Aracaju para coibir a ação de marginais. Ao tomar essa medida, quais áreas urbanas serão “protegidas”? E que setor da sociedade poderá ser considerado por parte desses guardas como suspeitos em potencial?
Para o eleitor Flaubert Marques, professor de filosofia da rede estadual de ensino, “a situação da população negra deve ficar pior do que está”,