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O Top 10 do cinema de 2015

Quais desse você assistiu? Quer incluir mais algum filme na lista? Esses foram alguns destaques de 2015 que o Correio Nagô selecionou. São dicas legais para curtir o finalzinho do ano, se ainda não viu um exemplar dessa lista. Dê um saque!

Cidade de Deus 10 anos depois (Brasil)

O documentário de Cavi Borges e Luciano Vidigal faz um percurso na vida de 30 atores que participaram do aclamado filme Cidade de Deus (José Padilha, 2002). A película expõe vidas contrastantes entre alguns que se tornaram artistas internacionais, os que não prosseguiram carreira nas artes entre outros que se envolveram com o tráfico, infortúnio atribuído às mazelas do racismo, já que se trata de atores negros, moradores de comunidades, que dificilmente encontram espaço na TV e no cinema.

Que horas ela volta? (Brasil)

Da diretora Anna Muylaert, “Que horas ela volta?” foi indicado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro do 21º Critics’ Choice Awards, uma das mais importantes premiações depois do Oscar e do Globo de Ouro. Muito elogiado pela crítica especializa, o mote do filme causou provocações e desconfortos ao tocar no processo feroz da hierarquização das classes no Brasil dentro da intimidade de grupos familiares. Contando a história da empregada doméstica Val (Regina Casé) que trabalha em uma casa da classe média alta em São Paulo, e recebe a filha de Pernambuco na residência onde vive e trabalha, situação ponto forte da trama, por mostrar o distanciamento entre mãe e filha causado pela distância e a diferença de aceitação.

Branco entra, preto sai (Brasil)

“O encontro entre nosso ‘apartheid’ e a democracia racial à brasileira”, trecho da crítica de Inácio Araújo para a Folha de São Paulo sobre o documentário ‘Branco entra, preto sai’, do diretor Adirley Queirós. O filme narra a história de dois dançarinos, um menino negro e outro branco que têm suas vidas transformadas após uma intervenção policial dentro de uma baile no bairro de Ceilândia, em Brasília, no anos de 1980. E a frase: ‘Branco entra, preto sai’ é dita por um policial quando invade o baile, marcante para o mote inicial do filme. Um drama de terror verdadeiro com elementos de ficção científica, quando o personagem Cravalanças chega do futuro, 2073, para provar que a culpa do ocorrido com os jovens deve ao Estado.

Tudo que aprendemos juntos (Brasil)

O longa-metragem é baseado na história real dos primeiros passos do Instituto Baccarelli, que oferece aulas de música para crianças e jovens carentes, e na peça Acorda Brasil, de Antônio Ermírio de Moraes. Na trama central está Laerte (Lázaro Ramos), um violinista que passa a dar aulas de música na comunidade de Heliópolis para adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Dentre a falta de recursos e a violência urbana, Laerte terá de enfrentar diversos desafios para mostrar um novo horizonte aos seus jovens alunos.

Samba (França)

Dos cineastas Olivier Nakache e Eric Toledano, a trama central de ‘Samba’ é o relacionamento insólito entre Alice (Charlotte Gainsbourg), uma voluntária que ajuda imigrantes em situação irregular, e um imigrante senegalês Samba Cissé (Omar Sy) com problemas na sua documentação. Vidas que se cruzam dentro de um tema sério e muito atual: a crise da imigração. Há ainda referências ao Brasil, por meio de um personagem e da música de Jorge Bem Jor.

Sabotage – O Maestro do Canão (Brasil)


Mauro Mateus dos Santos, o Sabotage, nasceu na zona sul de São Paulo, na favela do Canão, e ali viveu a infância e boa parte da adolescência. Ex-interno da FEBEM (Atual Fundação CASA), o rapper nunca escondeu seu envolvimento com o tráfico de drogas e com o crime organizado, pelo qual foi indiciado duas vezes. E mais, a sua importância e influência para o RAP nacional antes deste se tornar em um gênero respeitado como é hoje pode ser visto no documentário ‘Sabotage – O Maestro do Canão”, dirigido por Ivan 13P. O diretor encontrou alguma dificuldade para produzir a obra porque boa parte dos documentos encontrados estavam armazenados em mídias antigas, como o VHS, fazendo a produção trabalhar com todos os suportes de mídia que existiram nos últimos anos.

What happend Miss Simone (Estados Unidos)


Uma das mais brilhantes e únicas artistas que o mundo já viu e sua vida conflituosa com a família e amigos aliada à intensidade do ativismo político dentro de uma ambiente majoritariamente ‘branco’ de pianistas clássicos. Considerada persona non grata e vivendo a exploração no trabalho por questões de sobrevivência, o documentário choca e emociona ao contar a história de Nina Simone, que resistiu o quanto pode a um ambiente perverso de segregação, que não impediu que a sua genialidade sobreviveu.

Kbla (Brasil)

Refletir sobre o lugar da mulher negra na sociedade contemporânea, os atuais padrões de beleza, sua expressão, autoimagem e identidade, essa é a opinião da cineasta Yasmin Thayná, que dirigiu e roteirizou o filme KbLa, que tematiza as histórias de transição capilar de mulheres na luta e resistência pelo direito de ter o cabelo natural como afirmação da estética negra. O roteiro é baseado no conto de MC K_bela, é a historia de menina negra, que passou pelo processo de embranquecimento a sua vida inteira, mas decidiu deixar o cabelo natural crescer e se libertar desse segregação.

Bests Of no Nation (Estados Unidos)

O primeiro filme original do serviço de streaming, Netflix, Beasts of No Nation, que mostra a jornada de uma criança envolvida no meio de uma guerra civil em um país do oeste da África. Baseado no livro homônimo escrito pelo nigeriano Uzodinma Iweala e filmado em Gana, logo na primeira semana já foi considerado sucesso de crítica. O drama de guerra se aprofunda  no fim da inocência de pessoas mergulhadas numa realidade cruel e devastadora e mostra mais do que cascas e estereótipos, nas atuações brilhantes do pequeno ganense, Abraham Attah, no papel principal de Agu e do veterano inglês, Idris Elba.

Qu’est-ce qu’on a fait au Bon Dieu? (França)

Na história da família Verneuil – conservadores e preconceituosos pais – e suas quatro filhas que escolheram um judeu, um árabe, um africano e um chinês para se casarem em Qu’est-ce qu’on a fait au Bon Dieu?(Que Mal Eu Fiz a Deus?) . Com isso, está armada a confusão, e mais um pouco, o que se pode perceber na crítica publicada pelo jornal Le Monde: “Por trás da mensagem de tolerância que o filme pretende passar (…), existe alguma coisa mais ambígua, algo que é engraçado, mas que, de alguma maneira, banaliza talvez não o racismo, mas as piadas de cunho racista”. Críticas à parte, o sucesso também pode refletir um fenômeno de certa identificação do público francês com as peripécias familiares, em meio à recente imigração nos países da Europa.

Foto: Renata Cantagalli

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