As obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte poderão ser retomadas nesta quarta (14), caso o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pela execução das obras civis do empreendimento, avalie não haver riscos para a segurança de seus funcionários. A construção está paralisada desde segunda-feira (12) por decisão da empresa, que classificou como vandalismo atos de trabalhadores durante o fim de semana.
De acordo com nota divulgada pelo consórcio, o clima já está tranquilo, tanto nas frentes de obra, como em Altamira (PA), principal município da região. Neste momento, o pool de seguradoras contratadas pelo CCBM está levantando os danos materiais nos três canteiros.
Entenda o caso
Segundo informou em seu site o Movimento Xingu Vivo, os canteiros de obra Belo Monte e Pimental, os dois mais importantes da hidrelétrica, “foram palco de revolta de operários em função de problemas trabalhistas e desacordos com a proposta de aumento salarial apresentado pelo CCBM”.
De acordo com o CCBM, um grupo formado por cerca de 30 pessoas encapuzadas incendiou e saqueou no sábado o Sítio Pimental, uma das frentes de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. No domingo, uma nova ocorrência teria ocorrido no canteiro Canal e Diques e no Sítio Belo Monte, invadidos por cerca de 20 encapuzados.
Na nota, o CCBM informou que, após as assembleias terem transcorrido normalmente nas frentes de obra localizadas nos canteiros Sítio Belo Monte e Canais e Diques, “cerca de 30 pessoas que não representam os trabalhadores” impediram a realização da assembleia que estava acontecendo em Sítio Pimental, outra frente de obra, localizada a 70 quilômetros de Altamira.
Uma liderança dos trabalhadores ouvida pelo Movimento Xingu Vivo, Emiliano de Oliveira, sustenta que a primeira ação ocorreu na noite de sexta, quando foram incendiados quatro galpões do almoxarifado após a informação de que o aumento proposto pela empresa seria de 7% . Já no sábado, os protestos tomaram conta do canteiro de Pimental, que teve instalações e alojamentos destruídos.
“Por volta das 16 horas, o Sindicato da Construção Pesada do Pará (Sintrapav) foi ao Pimental e anunciou que havia fechado um acordo com o CCBM de aumento de 11%. Em nenhum momento esta proposta foi discutida com as bases, foi um acordo a portas fechadas entre sindicato e empresa, e os operários se revoltaram. Aí houve um quebra geral”, afirma Emiliano.
De acordo com o trabalhador, o sindicato foi expulso do canteiro juntamente com toda a equipe administrativa do Sitio Pimental, mas houve uma rápida intervenção da Polícia Militar e da Força Nacional de Segurança. “Ocorreram prisões e sabemos que há trabalhadores feridos, mas estamos sem nenhum apoio do sindicato e não sabemos quantos são, quem são e onde estão”, afirma o trabalhador.
Atualmente, há cerca de 15 mil trabalhadores contratados para atuarem nas frentes de obra, 12 mil diretamente pelo CCBM. A expectativa é que o ápice de contratações aconteça em 2013, quando o empreendimento terá 23 mil trabalhadores.
No início de abril, houve incêndio e depredação de alojamentos de trabalhadores na Usina Hidrelétrica Jirau, no Rio Madeira (RO). Na ocasião, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, classificou os atos de “banditismo” e “vandalismo”.
* Com informações da Agência Brasil e do Movimento Xingu Vivo
Fonte: Portal EBC