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Oficina em comunidade capacita jovens para participação no controle social

Por André Santana

 

Enderson Araújo participou de formação do UNFPA em 2010, em Sussuarana. “Graças a todas as formações recebidas no projeto, hoje posso me incluir em espaços de discussões de temas de interesse da minha comunidade”.“Os jovens devem participar das discussões sobre políticas públicas, pois serão eles os gestores dessas políticas lá na frente. Quando se acredita na juventude, se acredita no futuro”.

 

Com essa crença, o estudante Enderson Araújo, 22 anos, morador do bairro de Sussuarana, segue na agitada dinâmica do Mídia Periférica, coletivo criado por eles e outros jovens comunicadores com o objetivo de retratar o cotidiano das comunidades pela lente dos próprios moradores. A experiência acaba de receber o Prêmio Laureate Brasil, entregue no último dia 30 de novembro, pela Universidade Anhembi Morumbi/SP, a dez jovens empreendedores sociais de todo país.

 

“O sistema me preparou para ser jornaleiro de semáforo. Mas eu contrariei a estatística e estou virando um jovem jornalista”. Essa é uma das frases de Enderson lançadas nas redes sociais, das quais é participante ativo. Seus textos podem ser lidos também no Correio Nagô, já que ele é um dos correspondentes do portal no Nordeste. Além de cursar o último ano do Ensino Médio, Enderson Araújo é representante estadual da Rede Virajovens, suplente estadual da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores e acaba de ser eleito como representante, também suplente, da juventude no Conselho Estadual de Desenvolvimento da Comunidade Negra da Bahia/CDCN. “É muito importante que esses espaços de discussão de políticas para a juventude se abram para a presença dos próprios jovens, que sabem quais suas necessidades e demandas”, afirma.

 

Todo esse engajamento social de Enderson começou em 2012, quando participou do projeto “Promovendo os Direitos de Jovens: Cultura e Saúde Sexual e Reprodutiva em Salvador”, uma experiência demonstrativa desenvolvida pelo Fundo de População das Nações Unidas, o UNFPA. A formação, oferecida a cerca de 40 moradores do bairro de Sussuarana, de idade entre 16 e 24 anos, trabalhou temas relacionados aos direitos da população jovem, saúde sexual e reprodutiva, relações raciais e de gênero, mediação de conflitos, participação juvenil e controle social de políticas públicas.

 

“O projeto proporcionou uma mudança social na minha vida e de outros jovens, e acho que esse era o objetivo. O indicativo mais evidente que temos é o Mídia Periférica, pois surgiu das nossas aulas de comunicação e de uso das ferramentas tecnológicas”, pontua Enderson. “Graças a todas as formações recebidas no projeto, hoje posso me incluir em diversos espaços de discussões de temas de interesse da minha comunidade, como o Conselho Estadual de Desenvolvimento da Comunidade Negra”. Durante a formação, Enderson e mais três jovens participaram da I Mostra Nacional do Programa Saúde da Escola e IV Mostra de Saúde e Prevenção na Escola. O evento, realizado em Brasília, em junho de 2010, discutiu ações de promoção à saúde nas unidades de ensino do Brasil e possibilitou o contato com outros jovens ativistas brasileiros.

 

Enderson explica que o projeto funcionou como uma aranha, tecendo redes e conectando pessoas. “Várias teias foram articuladas, fortalecendo nossa atuação e trazendo benefícios para nossa comunidade”. Atualmente, Enderson discute com o jovem René Silva, criador do Vozes da Comunidade, veículo comunitário do Complexo do Alemão/RJ, a criação de uma Rede de Jovens da Periferia. Os dois trocam informações sobre suas atuações e demandas de suas comunidades pelas redes sociais. “É importante investir no intercâmbio, especialmente após formações como a que eu recebi, colocando os jovens em contato com outros, para serem referencias e multiplicadores, formando outros jovens”, sugere.

 

O projeto “Promovendo os Direitos de Jovens: Cultura e Saúde Sexual e Reprodutiva em Salvador” contou com a parceria de diversos órgãos do Governo do Estado da Bahia e da Prefeitura Municipal de Salvador, além de organizações sociais como o Instituto Mídia Étnica, CMA Hip Hop, CEAFRO/UFBA, as diversas Associações Comunitárias do Bairro de Sussuarana, e a redes juvenis: Juventudes Negras dos Terreiros e Juventudes Negras pela Paz. Em 2012, o projeto foi ampliado para atender 300 jovens das escolas municipais de Salvador, projetos sociais e participantes das Comunidades de Atendimento Socioeducativos (Cases) por meio de uma parceria do UNFPA com a Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer da Prefeitura de Salvador.

 

 

 

 

 

 

 

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