Os modernos textos de ciências sociais e humanas fazem constantemente referencias a um padrão de identificação dos grupos humanos, usando como base a capacidade de acesso individual dos membros quanto à participação no fenômeno global da informação e da comunicação. Assim, a sociedade dos nossos dias assume implicitamente, que o seu indivíduo, célula unitária da sua formação enquanto aglomerado humano, é capaz de “se conectar”. E assim está plenamente qualificado a processar a valorização do capital social e cultural “a sua disposição” e conseguir ganhos econômicos e maximização da sua produtividade. O que? O Irmão, ou a Irmã acha que estou exagerando. E quer que evidencie o que está textualizado até aqui?…Simples: Assista cinco anúncios na sua TV, (de plasma, ou LED, etc.:) e terá a confirmação da minha assertiva. Portanto, o acesso ao mundo da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) é uma condição necessária (mas não suficiente) para a inserção do indivíduo ou grupo, no contexto up to date do mundo globalizado.
Segundo a mesma cartilha tácita da modernidade que caminha na velocidade da luz, a desigualdade entre indivíduos ou grupos em termos de acesso, uso ou conhecimento de tecnologias de informação e comunicação se constitui por outro lado, critério de exclusão associada invariavelmente a um adjetivo bastante substancial (?): A exclusão digital. Esse tipo de exclusão se refere a quaisquer desigualdades entre os grupos, em sentido amplo. Hoje, esse é o critério discriminador de povos dentro de um mesmo grupo ou nação. Vocês lembram do furacão Katrina, que arrasou alguns estados do sul dos Estados Unidos da América? Será que o nível de renda e de poder político das populações afetadas, não teve qualquer influencia sobre o tipo de resposta dado pelas autoridades do núcleo de poder do maior exemplo do capitalismo mundial? A exclusão digital dita a divisão dos grupos no interior dos países, até nos Estados Unidos da América. Discrimina, ordena e regulamenta a desigualdades entre os indivíduos, famílias, empresas e áreas geográficas em diferentes níveis socioeconômicos e demográficos, enquanto na área global, a exclusão digital global designa países como unidades de análise, examina e divide a comunidade internacional entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
O acesso à TIC, uma condição que vem dia-a-dia se tornando fundamental para a vida ainda que em níveis mínimos de dignidade (segurança, comunicação, entretenimento, autodeterminação, mobilidade, etc.:) encontra desafios significativos que resultam de restrições de renda, de educação, e de modelo político e econômico. A fronteira entre o acesso a TIC como um bem essencial encontra uma barreira traduzida pela matemática das estatísticas em números cruéis. Segundo estudos realizados nos Estados Unidos da América o uso da TIC como um bem de luxo está ao alcance de uma faixa de poder de consumo que varia no entorno de US$ 10 (dez dólares, ou vinte reais) por mês, ou seja, 12 x US$ 10 = US$ 120 (Cento e vinte dólares, ou duzentos e quarenta reais) por ano. Assim, as pessoas nos EUA, consideram as despesas de US$ 120 (Cento e vinte dólares, ou quarenta reais) por ano com TIC como uma necessidade básica.
Estudos desenvolvidos pela Organização das Nações Unidas ONU, revelam que mais de 40% da população mundial percebem cerca de US $ 2 (dois dólares, ou quatro reais) por dia, enquanto cerca de 20% vive com menos de US $ 1 (um dólar, ou dois reais) por dia ou seja, menos de US$ 365 (trezentos e sessenta e cindo dólares ou setecentos e trinta reais) por ano. Esses segmentos de renda teriam que gastar um terço dos seus ganhos em TIC (120/365 = 33%), o que é pedir muito, uma vez que a média global de despesa em TIC é de apenas 3% da renda. Soluções potenciais incluem diminuição dos custos com a TIC, incluindo tecnologias de baixo custo e acesso compartilhado através de Telecentros (LAN Houses, etc.:).
Vejo com DESCONFIANÇA toda e qualquer iniciativa fantasiosa trombeteada em horários nobres, anunciando “distribuição de computadores de baixo custo” para “comunidades carentes”, e coisas do gênero. Não acredito em pospostas de “avanço” que não tocam o cerne da questão. Embora os indivíduos se tornem capaz de acessar a Internet, muitos continuarão longe do acesso digital pleno, devido a barreiras como a falta de meios para absorver a infra-estrutura dos processos que permeiam o universo digital e/ou a incapacidade de compreender a informação que a Internet proporciona.
Falta de infra-estrutura adequada e falta de conhecimento são dois grandes obstáculos que impedem a conectividade em massa. Essas barreiras limitam as capacidades dos indivíduos no que eles podem fazer e o que eles podem alcançar em termos de acesso aos tramites característicos da TIC. Algumas pessoas têm a capacidade de conectar. Mas funcionalmente, lhes falta capacidade de discernimento, vez que não detêm o conhecimento necessário para usar o conteúdo que a TIC e a Internet podem fornecê-los. Isto leva a um foco sobre as capacidades e habilidades, assim como a consciência de passar de mero “acessador” a usuário eficaz das TIC.
Para finalizar, sem, contudo esgotar o tema vale ressaltar ainda o que se convencionou denominar “exclusão digital de segundo nível”, também conhecida como a” lacuna de produção”, termo que sinaliza o fosso que separa os consumidores de conteúdo na internet dos produtores de conteúdo. Como, devido à própria evolução do consumo e a manutenção do paradigma capitalista, o hiato tecnológico digital está diminuindo entre os que têm acesso à internet e os que não tem, o significado do termo ” exclusão digital” também está evoluindo.
Novas aplicações tornaram possível para qualquer um com um computador e uma conexão à internet se tornar um criador de conteúdo. Mas a maioria do conteúdo gerado pelo usuário amplamente disponível na internet, como blogs públicos, ainda é criado por uma pequena parte da população conectada a Internet. Tecnologias da Web 2.0, como Facebook, YouTube, Twitter, Blogs etc.:, permitem que os usuários participem da criação e publicação on-line de conteúdo sem ter que entender como a tecnologia realmente funciona. Isso contudo, cria, indiretamente um circuito de re-alimentação da exclusão dgital: O capitalismo tem sete folegos.De toda forma, a vantagem estará sempre com aqueles que têm as habilidades e compreensão para interagir mais intimamente com a tecnologia, enquanto aqueles que são consumidores passivos da mesma, tendem a assim se manter.O poder estará sempre do lado de quem sabe mais.
Não alimentemos ilusões de “jeitinhos” e “oportunismos”, “dribles”, etc.:. A chave geral é o desenvolvimento da Educação livre de mentalidades políticas retrógradas de manutenção de feudos consolidados no conforto gerado pela inércia e pela indolência, tomando como base a ignorância generalizada e servil dos membros do povo.
REFERENCIA:
Digital divide (2012) ; http://en.wikipedia.org/wiki/Digital_divide
Acessado em 18/09/2012 as 15:45
Ilustração: http://www.contrib.andrew.cmu.edu/~mpcarrol/