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Operação Quilombo e o republicanismo baiano

Operação Quilombo: ato falho ou a gota d’água?

O Jornal A Tarde de hoje, 09.04.2013, na página A5, divulga a prisão de uma “gang”, no Município de Mata de São João, em decorrência de uma ação policial denominada “Operação Quilombo”, deflagrada pelo Departamento de Homicídios da Polícia Civil  e Operações Especiais Gêmeos da Polícia Militar.

Segundo o jornal, os acusados foram presos no domingo na “Cidade de Plástico”, acusados de participar de chacina na “Invasão Quilombo da Lagoa”.  Os presos foram identificados pela polícia com nomes prosaicos: Cebola, Buia, Foguinho, Galega e Neguinho. O acusado identificado como Foguinho é também líder comunitário.

Este episódio revela-se paradigmático, pois, para além de um ato isolado, delineia a real situação da abordagem das relações raciais e do racismo no âmbito governamental baiano. O governo atual transita em seu sétimo ano de auto proclamado “republicanismo”, sem expressar qualquer política significativa para o enfrentamento do racismo.

No início da gestão, após hesitação sobre a forma e o status, decidiu, atabalhoadamente, pela criação de uma secretaria híbrida para tratar de negros e mulheres, conseguindo a proeza de desagradar a ambos os setores dos movimentos sociais. Desde então,introduziu uma mudança: autonomizou a abordagem dirigida às mulheres, criando secretaria específica. Entretanto, as características comuns desenvolvidas, nestes sete anos, são as seguintes: a) fragilidade institucional, no que concerne a estrutura operacional e orçamento, assim como na ausência de capacidade de articulação interinstitucional junto às demais secretarias e ao núcleo duro do governo; b) utilização de critérios eleitorais, para a indicação dos titulares, que, regra geral, fecharam-se em copas em torno de seus respectivos grupos políticos e seus interesses eleitorais, revelando-se incapazes de dialogar e reconhecer a pluralidade dos movimentos negros e de mulheres; c) desenvolveram tímidas e mal elaboradas campanhas midiáticas, nas datas e períodos de forte apelo simbólico, como março e novembro, além de editais de distribuição de migalhas, para subsidiar pequenas intervenções dos movimentos sociais; d) incapacidade de colocar na pauta do governo as demandas de enfrentamento do racismo e do machismo, sobretudo nos pontos nevrálgicos como: desenvolvimento, segurança pública, educação e saúde; e) funcionamento das estruturas como

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