Deixar o texto ser o que ele quiser ser e adicionar um pouco das suas matrizes, que por sinal, são africanas, significa vender três mil exemplares, esgotar as prateleiras e relançar a obra para atender a demanda dos ávidos leitores. Essa é a trajetória do livro “Os Nove Pentes d’África (2009)”, autoria da mineira Cidinha da Silva, lançado em 2009, pela editora Mazza, que será relançado hoje à noite (1º/09), a partir das 18 horas, no espaço cultural Katuka Africanidades, na Praça da Sé, em Salvador/BA.

Os Nove Pentes d’África é uma novela centrada no personagem de Francisco Ayrá, um velho artista, que deixa pentes africanos como herança para os nove netos, trançados à lenda pessoal de cada um deles. São nove objetos que representam virtudes e sentimentos divididos entre o amor, a alegria, a perseverança, a liberdade, a abundância, a admiração, a generosidade, a solidariedade, a sabedoria e o tempo. Escrito para crianças, adolescentes, jovens e adultos, é uma literatura criativa e fluida de valores humanos que passou a fazer parte do material educacional de cidades pelo Brasil a fora.

“Eu escreveria um texto de fôlego, de mais fôlego que um conto e de menos fôlego que um romance. Seriam capítulos mais ou menos autônomos, pois eu desejava falar de um pente, um valor ou uma virtude em cada um deles e esse é o formato de uma novela”, conta a autora sobre o processo de criação, que durou cerca de uma semana.

Escritora e dramaturga, Cidinha é uma atuante blogueira, comentando e analisando os fatos cotidianos em sua página cidinhadasilva.blogspot.com.br . Entre as obras, destacam-se os livros: “Cada Tridente em Seu Lugar”, “O Mar de Manu”, “Baú de Muidezas, sol e chuva”e “Racismo no Brasil e afetos Correlatos”, entre outros.

Com ilustrações de Iléia Ferraz, é uma mostra da literatura afro-brasileira de qualidade para toda a família. Com edição ampliada, foi mantido o texto da orelha, de autoria do ex-secretário de Cultura da Paraíba, cantor, compositor, Chico César, que recebeu o convite com simpatia e generosidade. “É tão certeiro e tão certeiro e tão bem vindo esse livro que lê-lo me encheu de orgulho e admiração. Pelo tema e pela forma. Sei que os próximos leitores de “Pentes” sentir-se-ão gratos a Cidinha da Silva, como eu”, escreveu Chico César.

“Eu pedi a orelha, ele leu o livro e escreveu aquele texto delicioso. Acredito que se ele não tivesse gostado do livro ou mesmo se não tivesse tempo para escrever, ele teria dito e isso também me deixou confortável para fazer o pedido“, comentou a escritora.

História para despertar o olhar particular para o mundo negro brasileiro presentes em toda a produção artística de Cidinha, que segundo a autora, é uma temática que se mostra como uma necessidade interna, “fontes primordiais de alimento e água para mim“, afirma. “Abordar os temas ligados às africanidades é complexo, haja vista que existe no mercado uma ‘cultura negra fast food‘ incrementada pela necessidade de produzir livros para atender às exigências da Lei 10.639“, defende, referindo-se à lei que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileiras.

A noite de relançamento contará com um bate papo com a autora e ainda a exposição “Janela da Favela – Um Olhar sobre sentimentos debruçados nas sacadas” de Camila Souza, que já se encontra na Katuka Africanidades, localizada em ao Museu da Misericórdia, no Centro Histórico de Salvador.
Evento: Lançamento do livro Os Noves Pentes d’África, de Cidinha da Silva

Local: Katuka Africanidades

Endereço: Praça da Sé,nº 1, Salvador – Bahia

Quando: 01 de setembro de 2015, às 18 horas

Editora Mazza, 55 páginas, valor único: R$ 22

Da Redação do Correio Nagô