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Participante do The Voice Brasil canta no carnaval de Salvador

O reconhecimento do público depois de um programa da Rede Globo e a possibilidade de unir a imagem dela com o talento fizeram Késia Estácio considerar o momento que está vivendo como o melhor de sua carreira. Mas nem sempre foi fácil. Em entrevista ao Portal Correio Nagô, a cantora fala das dificuldades financeiras que enfrentou e conta inclusive que já foi vítima do racismo

kesiaEsRedação Correio Nagô – Na sexta-feira (8), ela cantou no trio da cantora e também participante do The Voice Brasil Ludmillah Anjos. Sábado, participou de uma festa no hotel da Cláudia Leitte. Na segunda (11), será a vez de dar uma canja no bloco Largadinho de Cláudia. No próximo sábado (16), fecha a programação no Sarau Du Brown, no Museu do Ritmo.

No primeiro carnaval em Salvador, a cantora Késia Estácio, que participou do time de Lulu Santos e foi uma das oito finalistas no programa da Rede Globo The Voice Brasil, tem a agenda cheia. Mas para quem ainda não a conhece muito, Késia tem uma trajetória de 12 anos de carreira.

“Esta é minha primeira vez na Bahia. A expectativa é grande. Estou muito empolgada e com um certo friozinho na barriga em conhecer essa multidão. Espero que seja a primeira de muitas vezes na Bahia. Estou apaixonada”, declara a cantora que está gravando seu primeiro disco, mas ainda não tem previsão de lançamento.

Nascida em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, ainda adolescente, foi morar na comunidade do Vidigal, na Zona Sul do Rio. “Cresci com ensaios de tuba e sanfona em casa. Meus pais faziam dueto na igreja. Da família, eu fui a única que seguiu a profissão e que decidiu viver da musica. O fato da minha família tocar só aumentou a minha vontade de ser cantora, mas eu acredito que já nasci com isso.”, complementa.

No ano passado, participou nos vocais, da gravação do DVD “Raça Negra & Amigos – Ao Vivo” e, em seguida, participou do The Voice Brasil. O ganho, segundo ela, foi o reconhecimento do público.

“Antes do programa o público tinha o reconhecimento pelo meu trabalho, mas não me conhecia. Agora eu consegui juntar a imagem ao talento. Antes, era como se as pessoas ouvissem sua musica no rádio, gostassem, mas não identificassem o artista. Agora elas me identificam. O reconhecimento das pessoas é muito gratificante”, explica.

Para participar do carnaval, Késia conta que preparou um repertório especial. “Escolhi algumas músicas e ritmos com os quais me identifico de uma certa forma. Gosto do axé com o suingue de Daniela Mercury e do Carlinhos Brown. Gosto do som alegre Claudinha Leitte e da Ivete Sangalo”, acrescenta a cantora..

kesiaeaTeatro – Além do canto, Késia também é atriz. Na favela do Vidigal, onde mora até hoje, ela participou por quatro anos da escola de teatro do grupo “Nós do Morro”. “O teatro me ajuda muito como cantora. Ele me deu noção de desenvolvimento de palco. A noção de palco que o ator tem me ajuda na musica. Atuei em quatro peças do grupo e também no musical “Soul Roberto” e já fiz algumas peças infantis”.

Para o futuro, ela ainda quer lançar mão do teatro. “Não pretendo encerrar a minha carreira de atriz. Quero juntar o teatro com a música e fazer um musical. Estudei um ano de cinema na PUC –RJ e pretendo um dia atuar no cinema como atriz”, adianta.

Percalços – Na carreira, no entanto, as dificuldades já fizeram Késia quase desistir no percurso. “Era difícil viver da musica sem ser reconhecida. Precisava, e preciso até hoje, pagar meus alugueis, a comida, a luz, etc. Já trabalhei no comércio e como produtora de vendas. Um período eu estava começando a ficar depressiva por estar longe da musica. Precisava trabalhar e não tinha tempo para cantar. Isso me doía demais”, relata.

Ainda na trajetória, Késia lembra que já foi “segregada por causa do racismo”. “Sempre falo sobre isso. Já fui aceita em vários eventos pelo simples fato de ser artista. Quando dizem “ela é a única negra da festa” e respondem “ela é cantora”, parece que isso explica o porquê da minha presença naquele lugar. Isso pra mim é o mais injusto”, recorda.

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“A minha profissão me levou até ali, mas queria estar ali e ser reconhecida simplesmente pelo meu talento, não pela minha cor. Já ouvi a frase ‘Você não é negra você é linda’. Essa foi a pior frase que já ouvi em toda a minha vida. Quando ouvi, só pensei ‘Deus perdoe-o pela arrogância e pela falta de sabedoria na vida desta pessoa’. 

Mas as experiências racistas e as dificuldades financeiras não foram suficientes para que Késia desistisse no meio do caminho. Daqui a cinco anos, ela tem pelo menos um desejo. “Quero estar no com no mínimo um disco de ouro pendurado na minha parede”, sonha sem medo.

*Por Anderson Sotero

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