13/09/2018 | às 14h32
Advogado, mestre em Ciência Política, Paulo Petri é o único negro pré-candidato à presidência do Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Sul (OAB/RS) e um dos seus anseios é tornar a OAB/RS uma instituição mais plural no que diz respeito à diversidade, pois o perfil que se tem hoje é branco e masculino.
Quando questionado sobre as pautas que pretende desenvolver caso seja eleito, principalmente no que diz respeito à população negra, Petri revela, em entrevista ao Correio Nagô, que no âmbito da questão racial a Advocacia Negra não vem sendo escutada. “Por isso percebeu-se a necessidade de uma candidatura que pudesse representar colegas que não somente poderão fazer por todos – no que se refere a prerrogativas e defesa da classe – mas também por nichos que não vem sendo representados”, afirma.
De acordo com Paulo Petri, existem relatos de discriminação, porém a Ordem muitas vezes não observa a necessidade de defesa desses profissionais. Para ele, é importante que se realize um mapeamento de advogados e advogadas negras e das suas áreas de atuação e principais demandas para garantir que a OAB tenha mais representatividade em sua estrutura, como diretoria, conselhos, comissões e eventos.
O Rio Grande do Sul possui uma colonização fortemente alemã e italiana, ao tempo que é também um dos estados pioneiros no Movimento Negro Unificado (MNU). Como advogado, homem negro e jovem na pré-candidatura à presidência da OAB/RS, Paulo Petri assume essa ruptura da padronização da Ordem que tem o perfil formado por uma maioria de homens brancos, ricos, de meia idade e donos de grandes escritórios de advocacia. “Isso [a possibilidade da presidência] possui um simbolismo muito forte enquanto elemento de reconhecimento da diversidade que existe no nosso povo. Mas também aponta para um momento de mudança, renovação e reformulação da fotografia da OAB”, diz Paulo.
Segundo o advogado, ter alguém a frente dessa entidade faz parte de uma construção histórica e possui elementos simbólicos, mas também estratégicos para um momento de transformação. A sociedade passa por mudanças, onde mulheres e LGBT’s passam a exercer certo protagonismo e jovens negros passam a ocupar o ensino superior graças às políticas públicas. Por isso, Paulo Petri aponta para essa necessidade da OAB acompanhar essa atualização da sociedade oferecendo espaço para esses grupos.
“Além do empoderamento da ocupação de espaço é preciso passar por um processo de enriquecimento. Precisamos criar uma elite econômica que dispute com condições de igualdade os espaços de representação pública e de reconhecimento social. Esses são os elementos que me motivam a disputar esta eleição”, finaliza o advogado.
Ashley Malia é repórter-estagiária do Portal Correio Nagô.
Com a supervisão de Donminique Azevedo.