No mês em que se comemora 65 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é lançado na periferia de São Paulo o Observatório Popular de Direitos, site que tem como proposta denunciar, propor e avaliar políticas sociais no âmbito municipal, estadual e federal. A iniciativa é de coletivos e organizações da Zona Sul da Cidade.
O Observatório nasce o anseio de dar voz para a população e para isto, serão utilizadas diversas técnicas, metodologias e ferramentas, como, por exemplo, o VOJO, uma tecnologia inovadora que foi construída em parceria com o Instituto de Mídia Étnica (BA) e a Center For Civic Media, do Massachusetts Institute of Technology (EUA) e possibilita a transmissão de informações sem precisar acessar a internet ou estar conectado a computadores. Tudo isso, somente por meio de um número 0800.
Inicialmente, o conteúdo que entra no site é uma compilação dos temáticas discutidas no decorrer do Percurso em Defesa da Diversidade Cultural, que aconteceu durante este ano, entre os meses de agosto e dezembro e abordou os seguintes assuntos: Finanças solidárias, direitos humanos, assistência social, educação e cultura popular.
Quem também vai produzir para o portal é um grupo de 15 jovens que vem participando de formação de direitos humanos e comunicação, através do projeto Observatório Local dos Direitos das e do Adolescente: efetivação e violação de direitos, realizado no Centro de Direitos Humanos e Educação Popular do Campo Limpo (CDHEP).
O povo periférico é o que mais sofre com a violação de direitos humanos. Pouco se avançou quando trata-se de efetivação de políticas públicas nas bordas da cidade. Em São Paulo, a sexta economia mundial, há bairro com falta de saneamento básico; déficit de vagas em creches; a educação pública degringola a cada dia, faltam equipamentos saúde; segurança pública, transporte de boa qualidade. São diversos os âmbitos onde os direitos fundamentais são negligenciados.
Não enxergar a violação de direitos humanos ou banalizar o que acontece, é o problema comum que afeta a população. Que em muitos casos, não se sabe como agir. Um jovem que está saindo da escola, é abordado pela polícia e, se agredido, não sabe pra quem ligar ou o que fazer. Caso uma senhora seja distratada no hospital, não sabe pra quem reclamar. Um aluno quando é expulso da escola, se limita a procurar outra vaga.
Com o acesso à internet e, consequentemente, com mais informações chegando na periferia, o povo vem, a cada dia, se informando mais, saindo do estado inerte e arquitetando sua mudança, sua melhor condição de vida.
O Observatório, nasce grande, pois foi concebido, organizado e executado por quem vai fazer desta plataforma uma luta diária por seus direitos. Não trata-se do resultado, mas da continuidade de um processo iniciado há anos. É a forma de cobrar, propor e construir. Isso só reforça: A periferia nunca dormiu.
Agenda
O lançamento do Observatório Popular de Direitos acontecerá dia 20 de dezembro, a partir das 15h no CEU Cantos do Amanhecer: Avenida Cantos do Amanhecer, s/n, Jardim Mitsutani, São Paulo.
Fonte – Carta Capital – por Joseh Silva