A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo inaugura no dia 02 de abril, sábado, às 11 horas, a exposição individual “Ayrson Heráclito: Yorùbáiano”, do artista Ayrson Heráclito.
Originalmente concebida para o MAR Museu de Arte do Rio em 2021, a versão paulistana de “Yorùbáiano” ocupa o quarto andar da Pinacoteca Estação e tem curadoria de Amanda Bonan, Ana Maria Maia e Marcelo Campos. Na ocasião da abertura, o público pode assistir à performance “Segredos Internos” (1994-2010).
O artista traz à Pina Estação a força de mitologias africanas que aportaram no Brasil a partir da diáspora, do sequestro e da escravidão de diversos povos africanos, sobretudo a partir do século XIX. Na seleção de obras, o artista baiano articula culturas diversas, abarcando os mitos yorubanos ou nagôs e jejes, a um amálgama cultural único de saberes ancestrais, ensinamentos, lendas, ritos e visões de mundo distintos que fazem parte das matrizes religiosas e culturais do candomblé. Por intermédio dos trabalhos, o público pode conhecer as lendas, “ìtàns” e “orikis”, narrativas tradicionais que seguem presentes nas ruas, procissões, romances e enredos de escolas de samba brasileiras, tomando contato com um mundo sem pecado onde a natureza dos seres e dos bichos se complementa.
Dividida em três salas, a curadoria de ”Yorùbàiano” articula três materiais orgânicos que, segundo o artista, compõem histórica e simbolicamente o “corpo cultural diaspórico”. O açúcar rememora a ganância da monocultura canavieira escravocrata, evocando ao mesmo tempo a divindade ou orixá Exú, a quem é ritualmente oferecida a cachaça. Ayrson também se vale da polissemia do azeite de dendê, ora simbolizando os fluidos vitais do corpo humano, quais sejam, o sangue, o sêmen e a saliva.