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PIRRO NEGRO NA BASTILHA BRANCA, Sérgio São Bernardo

Chego à Brasília, como sempre dia frio e seco como nos ensina a ser por aqui. Aliás, tudo ao contrário acontece neste lugar – às escondidas. Um mundo dilacerado e hipócrita se esconde por entre as quatro paredes, o teto e o piso que acobertam pecados, desejos e falcatruas na capital da república do Brasil. Nós também somos parte disso. Parte de uma nação que fala uma coisa, escreve outra e faz outra completamente diferente. Aprendi desde cedo que aos mais velhos não se diz nada contra suas palavras e gestos. Entretanto, surge um nó na garganta: onde estão os nossos velhos líderes negros? O que eles estão a fazer? Converso com uma, esta me diz que está cansada; Converso com outro, este me diz que vai cuidar de ganhar dinheiro e, mais adiante, mais outro e ouço que estamos vivendo a revolução que tanto sonhávamos.

Temo não me deixar embriagar pelo mais repentino e superficial desejo de me sentir realizado com a limitada política republicana, institucionalizadora de totalidades. Evito me contagiar pela mais tenra ideologia do “animai-vos povo bahiense”. Um canto enjaulado numa turma falida que compra “negros” barato e não os vendem porque depois, estes, nada valem. 

Alguém já teria dito que a vitória da esquerda brasileira é a vitória dos descendentes de europeus emigrados que deram certo. Sim, porque a eles não foi dada, no passado recente, a possibilidade de conhecer espaços de acesso á aos direitos da cidadania e a riqueza nacional. Agora eles venceram. Agora com os nossos mais velhos no poder, tenho a sensação de que nada podemos fazer. Temos que ficar calados, pois se eles morrerem, nós morreremos juntos. 

Pois é, a vitória da esquerda europeia plasmada de uma nacionalidade nagô é a vitória também dos pretos que deram certo. Uma negrada que pensa jacobinamente que são os melhores e desprezam outras tantas negradas que julgam serem os piores e repetem como Pirro a eterna subida da montanha. Tem cheiro de preto e preta bacana, bem educados e inteligentes pairando na República e se resfestelando no túmulo de Stalin.

Tive minha experiência no

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