Você já ouviu falar da Ilha Thilafushi?. Não é um destino turístico. Provavelmente jamais irá querer conhecê-la. É uma ilha lixão. Ela foi criada por causa do turismo às luxuosas Ilhas Maldivas no meio das águas azuis do Oceano Índico. Como? Cada turista que chega ao complexo acaba deixando cerca de 3.5kg de lixo. O resultado foi um monte de plástico que começou a ser descartado numa lagoa no início da década de 90 e com o passar dos anos formou-se uma ilha artificial somente de lixo. Atualmente a ilha virou o retrato maldito do turismo insustentável.
As ilhas no meio dos mares e oceanos são as que mais sofrem com o acumulo de lixo por não possuírem aterros sanitários. Em janeiro deste ano o governo de Pernambuco começou uma operação para retirar 1,8 mil toneladas de resíduos deixados na ilha Fernando de Noronha desde 2009. O serviço custará 2,2 milhões ao estado. Com o turismo aquecido em todo o Brasil e mais brasileiros viajando a cada ano algo importante a se pensar é o impacto desse contigente de viajantes nos destinos visitados. O continente também sofre. Em um simples passeio em qualquer praia brasileira é fácil constatar a presença de uma infinidade de objetos de plástico. Copos, tampinhas, garrafas pet à mostra na areia, enterradas, boiando nas praias ou simplesmente no estomago da fauna marinha. Quem pratica snorkeling ou mergulho relata cenas absurdas. Estimasse que no meio oceano Pacifico exista um “sopa de lixo” duas vezes maior que os Estados Unidos. São 100 milhões de toneladas de lixo boiando segundo o jornal britânico The Independent. Dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, PNUMA, revelam que somente o plástico é responsável pela morte de um milhão de aves marinha todo ano. Um dado alarmante! Isso sem contar outras espécies da fauna como tubarões, peixes e a tartaruga marinha, animal que viveu 100 milhões de anos num oceano livre da poluição e agora sofre ao confundir plástico com água viva.
Já li muitos argumentos do tipo “Eu pago meus impostos e estou levando dinheiro para a região, o governo que cuide de recolher o lixo”. Lamento profundamente por quem realmente paga por essa mentalidade: a natureza. Ela não usa os “serviços” criados pela espécie humana. Mas o preço lhe cobrado é alto. Basta observar as consequências. Viajar é preciso. Preservar mais ainda! Na próxima visita a um lugar de beleza natural, tente imaginar a paisagem sem lixo deixado por turistas. Seja um viajante sustentável contribua para manutenção da vida. Um ambiente limpo não é o que mais se limpa, e sim o que menos se suja e a natureza agradece.