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BRASIL SEM RACISMO: Campanha nacional convoca sociedade para estratégias de luta

22/10/2018 | às 22h37

“Sabemos que jovens negros são mortos no Brasil em minutos. Essa política armamentista e militar indica a continuidade do assassínio de jovens negros e a perseguição de nossa militância. Não podemos nos calar”, apontou Luis Alberto, do Coletivo 2 de Julho na coletiva de imprensa de pré-lançamento da Campanha Nacional Brasil Sem Racismo, que ocorreu no último sábado na sede da Associação Cultural Ilê Aiyê.

De acordo a organização, a campanha busca articular entidades que tem como centralidade a pauta de combate racismo. Com isso, entidades, organizações e coletivos negros lançam manifesto nacional “Brasil Sem Racismo Povo Negro em Movimento” na próxima quinta-feira (25), às 17h, na Sociedade Protetora dos Desvalidos (Largo de São Francisco, 17, Pelourinho).

Manifesto nacional “Brasil Sem Racismo Povo Negro em Movimento” ocorre na próxima quinta-feira (25)

A ação busca ampliar redes e convocar entidades de diversos estados para o posicionamento nacional do movimento negro contra a colocações racistas do candidato à presidência pelo Partido Social Liberal (PSL) Jair Bolsonaro.

O manifesto que será exposto já está em articulação com diversos movimentos de outros estados. Para a organização da Campanha, a História do Brasil exige um posicionamento da população negra. 

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD/2016), o Brasil é o país com mais negro do mundo fora do continente Africano com cerca de 104 milhões de habitantes em 54% corresponde a população negra. 

“Continuamos resistindo e lutando por uma sociedade democrática, inclusiva e sem racismo […] o Manifesto Brasil Sem Racismo convoca vontades, corpos em luta e chama geral para dialogar e alinhar estratégias de luta”, grifos do texto do Manifesto. 

Ameaça

“O endereço somos nós. Somos os primeiros a ficar sem emprego, sem saúde e sem educação de qualidade. Não podemos deixar o Brasil entrar neste projeto de retrocesso”, disse Ivonei Pires, integrante do Movimento Negro Unificado (MNU). Ele ainda criticou o posicionamento de partidos com vistas às questões raciais.  

“Para nós do MNU que estamos completando 40 anos, não há novidades nem vindas da esquerda, em que estamos inseridos e conseguimos levar nossas pautas, muito menos da direita, que sempre nos atacou, ao ponto de dizer que nunca existiu racismo no Brasil, estamos percebendo que as conquistas ao longo destes anos estão sendo ameaçadas”, evidenciou.

O anfitrião do encontro Antônio Carlos Santos, mas conhecido como Vovó do Ilê, destacou a necessidade de participação da juventude negra, uma vez que esta permanece na linha de frente do extermínio da população negra. “Hoje os mais jovens têm usufruído dos benefícios que foram plantados por nossa geração e é mais do que urgente que estes se posicionem, não dar para deixar tudo nas costas dos vovôs aqui”, ressaltou.

Resistência

Diversas entidades estiveram presentes na reunião e assumiram o compromisso de amplificar a discussão, além de buscar o posicionamento de artistas locais. Maria José Pacheco, que integra o Conselho Pastoral dos Pescadores e Marisqueiras apontou o posicionamento das comunidades rurais diante das ameaças apontadas pelo presidenciável. Ela  destacou que o discurso racista do candidato do PSL evidencia uma sociedade que comunga da ideologia de superioridade de uma raça sobre outra. “A candidatura do PSL à presidência se encontra com a raiva desta elite branca e dessa classe média sem consciência Brasileira que está incomodada com a gente em vários espaços”, destacou.

Movimento conta com a participação lideranças de diversos segmentos da comunidade negra

“Esta situação em jogo não é mais de direita e esquerda, mas, mais do que nunca é sobre a vida!”, disse a deputada estadual, recém-eleita, Olívia Santana.  “Estamos falando de uma pessoa que em sua campanha anuncia o compromisso armamentista e apoia a tortura, sabemos que quem morre é o preto e pobre, além das muitas mulheres que são vitimas dos maridos que tem porte de armas em casa, é algo que encaminha a morte para a institucionalização”, lamenta.  No entanto, Olívia, que permanece em campanha em prol da vida, diz ter esperança nos resultados das eleições no próximo domingo (28).  

Marcelo Ricardo é repórter-estagiário do Portal Correio Nagô

Com a supervisão da jornalista Donminique Azevedo

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