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Filme “Ilha” é o “Melhor Longa Nacional” no XIV Panorama Internacional Coisa de Cinema

22/11/2018 | às 21h37

Premiado na categoria “Melhor Longa Nacional” pelo júri jovem, na XIV do Panorama Internacional Coisa de Cinema, “Ilha”, filme de Ary Rosa e Glenda Nicácio, leva insígnia por filme que inova na forma de fazer cinema. Além deste prêmio, o filme já conta com o de “Melhor Filme”, pela mostra Novos Rumos do XX Festival do Rio.  

A ideia do longa aportou em Ilha Grande, no Baixo Sul da Bahia, fazendo parte do projeto “De Rede em Rede”, que desenvolve projetos em escolas com foco em cinema e educação. “É bom olhar para escola como esse lugar para a experimentação”, disse Glenda Nicácio, em bate papo após exibição do filme durante o Panorama.

O filme, produzido pela Rozca Filmes, retrata a história de um cineasta renomado, que é sequestrado por um traficante de uma ilha que tem a proposta de fazer um filme. Os atores Aldri Anunciação, que levou o prêmio de “Melhor Ator” por “Ilha” no Festival de Cinema de Brasília, e o ator do Bando de Teatro Olodum, Renan Motta são a aposta masculina dos cineastas, após o sucesso de Café com Canela, que conta com as atrizes Valdinéia Soriano e Aline Brune.

“Fomos para fazer oficina e logo depois que concluímos o Café com Canela, o Ary escreveu o roteiro e seguimos rodando o filme”, descreveu Glenda. “Entendendo a ilha como espaço físico e todas as metáforas que pode representar. Pensando hoje o momento  que vivemos, essa produção isolada e atravessada pelo subdesenvolvimento em que ela mesmo se nutre e se liberta”, ressaltou.

Liberdades Cinematograficas

“É importante ressaltar que esse filme procura mostrar outra ideia de Bahia, para além da capital”, apontou Ary. Os realizadores são egressos do curso de Cinema pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Ary ressaltou que a descentralização da universidade têm provado, por meio de sua produção, sua eficácia. “Precisamos dizer que é algo que deu e tem dado certo, não é atoa que “Ilha” está aí”, afirmou.

A equipe que fez imersão no Baixo Sul da Bahia trouxe para as telonas as experiências vivenciadas com o projeto desenvolvidos pelos diretores. No filme estão as marcas do tempo, as casas em ruínas, e os personagens que criam suas contra narrativas na localidade. “Em Ilha, queríamos mostrar como encontros acontecem apesar das condições e por mais que os contextos sejam inóspitos”, frisou Glenda.

O ator Aldri Anunciação revelou ter lido o roteiro com estranhamento pela sugestão em quebra de formas tradicionais de fazer cinema pela sobreposição de câmeras, que diversifica as formas de olhar a história. “Quando li o roteiro eu percebi que o material questionava as linguagens e os modos de fazer e me vi assustado, como em uma das cenas que meu personagem corre assustado com a proposta de fazer o filme de um traficante”, brincou o ator.

Aldri Anunciação, ator de Ilha e André Araujo, da equipe técnica do filme | Foto: Panorama Coisa de Cinema

O filme conta com a participação de integrantes do Bando de Teatro Olodum, como Sérgio Laurentino, Valdinéia Soriano, Arlete Dias e Renan Motta. Para Renan, as liberdades cinematográficas do filme permitem pensar transformações cotidianas. “Quando li o roteiro pensei que veria mais um personagem negro com arma na mão, mas  ele não é só um traficante, é um gênio orgânico, assim como deve haver vários outros na sociedade precisando da arte como libertação”, afirmou o ator.

Marcelo Ricardo é repórter-estagiário do Correio Nagô.
Com a supervisão da jornalista Donminique Azevedo.
 
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