Redação Correio Nagô* – Uma postagem em um blog destinado para mães no site do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo, gerou uma polêmica nas redes sociais na última quarta-feira. Intitulado “Minha filha tem o cabelo muito crespo. A partir de qual idade posso alisá-lo?”, o texto destaca o alisamento de cabelo em crianças e mostra a foto de um bebê negro com cabelo encaracolados. O texto ressalta ainda que as mães recorrem às técnicas de alisamento para “deixarem as crianças mais bonitas”.
“Muitas crianças nascem com cabelos crespos ou rebeldes demais. Com a adesão cada vez maior às técnicas de alisamento, algumas mães recorrem a essas alternativas para deixarem as crianças mais bonitas. Essa solução, porém, nem sempre é a melhor, pois muitos componentes químicos, que deixam os fios alisados, não são liberados pela Anvisa para o uso em crianças”, começa a resposta à pergunta-título da publicação.
(Reprodução/Hmsj.com.br/blog /Folha de São Paulo)
E acrescenta: “O formol não pode ser usado de jeito nenhum de acordo com a regulamentação da Anvisa. Porém, há opções de escovas que podem ser feitas nas meninas de pouca idade sem causar danos, tais como a Escova de Colágeno, à base de ácido glioxílico, e a escova à base de carbocisteína”.
Ainda de acordo com a Folha de São Paulo, o post, que já teve mais de 2,8 mil curtidas no Facebook e foi reproduzido também no Twitter, tem sido chamado por internautas de “racista”. O CORREIO NAGÔ procurou a postagem tanto no facebook do hospital quanto no blog, mas foi retirada.
A advogada Rebeca Oliveira Duarte, do Encrespo e Não Aliso!, “blog feito para relatar o incômodo do racismo em nossa sociedade”, escreveu: “O texto prossegue numa naturalização da discriminação que é de surpreender, diante de tantas campanhas pela valorização da beleza negra. Diz que algumas mães recorrem ao alisamento ‘para deixarem as crianças mais bonitas’. Solução recriminada, não por sua violência psicológica, mas pela ameaça química.”
O Santa Joana afirmou à Folha que não foi sua intenção ofender qualquer pessoa. “A finalidade é puramente informativa, com o intuito de orientar as mães no que diz respeito à utilização de produtos químicos em crianças, de acordo com as normas da Anvisa. Vale reforçar ainda que a maioria dos assuntos publicados em nossos canais de comunicação surgem de dúvidas e questionamentos recebidos”, diz o comunicado enviado pela assessoria de imprensa da instituição.
*Com informações da Folha de São Paulo