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Prêmio homenageia professoras que utilizam a Lei 10.639 para fazer a diferença

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A segunda edição do prêmio “Elas fazem a diferença: Mulheres Negras e suas Comunidades” homenageou as professoras da Rede Municipal de Educação que transformam a vida de estudantes através do processo de inclusão e construção política. “É um modo de estimular as professoras a continuar seguindo nesse processo transformador que é o empoderamento de mulheres, homens e jovens negros”, explica Roze Rosendo, gestora do Fundo Municipal para o Desenvolvimento Humano e Inclusão Educacional de Mulheres Afrodescendentes (FIEMA).

A solenidade, que aconteceu na última sexta-feira (31), no Centro Cultural da Câmara Municipal de Salvador, premiou 20 professoras indicadas pelas gerências que fazem parte da rede de educação do município. A premiação foi organizada pelo FIEMA em parceria com a Faculdade Maurício de Nassau. São profissionais que fazem a diferença em suas comunidades, utilizando a Lei 10.639, que determina a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira.

Para um auditório cheio de alunos e familiares, as professoras falaram sobre a importância da representação da cultura negra na escola, sobre racismo e reconhecimento de um trabalho que toca na resistência e perpetuação das heranças africanas. “Estar aqui é, acima de tudo, uma forma de denunciar o racismo institucionalizado. Porque enfrento isso com as crianças e pais negros devido à naturalização da falta de professores, do descaso, e de um modelo de sociedade com um tipo de racismo mais elaborado”, opina Rita Santa Rita, uma das homenageadas da noite. Rita é  gestora da escola Conjunto Assistencial Nossa Senhora de Fátima, na comunidade de Alto das Pombas, Federação, localidade que viveu durante a infância.

Da mesma maneira, a professora do Centro de Educação de São Caetano, Cláudia Mattos, professora desde os seus 18 anos, que sempre trabalhou com a valorização da representação do povo negro para os pequenos. “Para mim, não é só ensinar a língua portuguesa ou matemática. O maior objetivo é fazer com que os meus alunos se reconheçam enquanto negros na sociedade. Que se olhem no espelho e gostem do que estão vendo”, disse Cláudia, que também é dançarina do bloco afro Muzenza, onde desfila no carnaval com o título de Rainha Muzembela.

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A mesa da cerimônia foi composta pela superintendente de Políticas para as Mulheres da Prefeitura de Salvador, Mônica Kalile, Maura Cristina, representante do Conselho Municipal de Mulheres, e a vice-prefeita do município, Célia Sacramento, que contou a sua experiência e dificuldade para entrar na universidade, destacando a necessidade das cotas nas universidades públicas para acesso de estudantes negros.

Mônica Kalile discursou, de pé, sobre a importância do contato direto com uma professora, no seu caso, a vice-prefeita, Célia Sacramento, incentivadora da graduação em direito público que acabou de concluir. “Hoje, antes de vir para essa solenidade, fui ‘colar grau’ como Bacharel em Direito Público e passei na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), também, graças a nossa professora [Célia Sacramento] que disse a mim que era possível continuar estudando”, contou emocionada.

Da Redação do Correio Nagô

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