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Retorno das aulas em Salvador é marcado por incertezas

Professores da rede municipal de ensino decidiram não retornar às salas de aula conforme orientação do decreto municipal Nº 33.812 de 24 de abril de 2021.

A volta as salas de aula de forma semipresencial para os alunos da rede municipal de ensino de Salvador e escolas particulares, autorizadas a funcionar a partir da primeira semana de maio, vem tendo adesão parcial dos professores e alunos. A retomada das atividades é marcada pelas incertezas após diversos impasses, entre os professores e a prefeitura da capital baiana.

No dia 23 de abril, o prefeito Bruno Reis anunciou a volta às aulas para toda rede municipal e particular de ensino, entretanto, o decreto não foi bem recebido pelos professores, que em reunião decidiram que não iriam retomar as aulas, sem a vacinação completa da categoria. Segundo o Sindicato dos Professores, 90% da categoria não voltaram às salas de aula neste início de retomada, mas seguem trabalhando de forma remota.

A decisão foi tomada durante uma reunião virtual com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), mediada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Apesar do início da vacinação contra a Covid-19 nos trabalhadores da Educação Básica, a partir de 40 anos, a APLB por meio de nota, afirmou que os professores só retornarão às escolas após a imunização total dos trabalhadores.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação (Smed), Salvador tem aproximadamente 163 mil alunos na rede municipal e 143 mil na rede particular. Dos alunos da rede de ensino municipal apenas 30% compareceram às escolas no primeiro dia do retorno das aulas. A avaliação é de Marcelo Oliveira, Secretário Municipal de Educação de Salvador. Segundo ele, era esperado ao menos 50% de ocupação das salas de aula, porcentagem permitida pelo protocolo sanitário. “Todas as escolas receberam, pelo menos, um aluno”, garantiu, acrescentando em seguida, com o levantamento já atualizado, que das 433 unidades que compõem a rede municipal de ensino, 50 não receberam nenhum estudante – o equivalente a 11,5%. 

Para a professora da rede municipal Eliane Silva, o momento não é propício, pois o estado esteve em bandeira vermelha até o início do mês de abril, “mesmo vacinada eu não sinto segurança em voltar a trabalhar, tanto pela minha saúde, quanto pela saúde dos meus alunos, uma vez que algumas escolas não oferecem estrutura necessária para atendê-los em plena pandemia, afinal, estamos falando de crianças. Que as aulas precisam voltar, lógico que precisam, porém não é o momento certo”, comenta.

Já para a professora de uma escola particular da cidade, Sheila Marques, o retorno das aulas é necessário, pois os alunos precisam recuperar o tempo perdido, “acredito que passou da hora das aulas retornarem, os pais também sentem essa necessidade, são futuros atrasados e creio que com os protocolos que a prefeitura anunciou, as escolas conseguem funcionar de forma segura para todos”, declara.

A pandemia da Covid-19 causou mudanças sem precedentes no calendário escolar, afetando a educação de crianças e jovens de todo país, sobretudo os estudantes mais carentes, que já enfrentavam dificuldade no acesso a educação, e desde que o ensino remoto foi inserido, questões como a dificuldade de conectividade, local adequado para os estudos dentro de casa, e o acesso aos recursos tecnológicos das famílias pela situação econômica frágil, tornou a formação e compreensão educacional mais limitada.

Marinalva de Jesus, 45, é mãe de três crianças em idade escolar, todos estão devidamente matriculados na rede municipal de ensino, segundo ela mesma com o retorno das aulas, a insegurança pela vida dos filhos, sobrepõe à necessidade de tê-los na escola de forma presencial, “tenho muito medo, são crianças, eles não sabem conversar sem tocar no coleguinha, sem tirar a máscara, eu não acredito que vai ter alguém vigiando eles o tempo todo e isso é perigoso, tanto para eles, quanto para nós que estamos em casa, prefiro deixa-los assistir aula pelo meu celular, do que colocar a vida deles em perigo”, relata.

Para que as aulas aconteçam de forma segura, a prefeitura planeja realizar um escalonamento dos estudantes, por aula, apenas 50% de uma turma poderá estar na sala. Além da adoção de protocolos de saúde mais rígidos. O decreto municipal Nº 33.812 contém os protocolos que as escolas devem adotar e podem ser acessados no diário oficial, clique aqui:

http://www.dom.salvador.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6754:dom-7998&catid=1:dom

Maira Passos
Com supervisão de Valéria Lima

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