Levar exposições de arte em galerias móveis para bairros onde não tem esse aparelho é um dos principais objetivos do projeto Box Galeria. A proposta do circuito surgiu com uma solução criativa para as artes visuais: expor o trabalho de artistas dentro de contêineres em cinco bairros da capital baiana. No ultimo sábado, 18/07, o projeto foi lançado no Campo da Pronaica, em Cajazeiras 10, com a mostra “Nós Mesmos”, do artista visual, cenógrafo e grafiteiro Marcos Costa. Um trabalho baseado em pessoas comuns, com a técnica de pintura em spray a mão livre e estêncil. As obras ficam expostas até o dia 15 de agosto, com visitas guiadas pelo artista, e oficinas de graffiti.
Debaixo de uma chuva fina e intermitente, os executores do projeto conversaram com o Portal Correio Nagô sobre o Box Galeria no dia do lançamento. “O museu parece algo muito distante para pessoas que vivem na comunidade. A idéia nasceu da vontade de aproximar essas pessoas. Mas como levar isso? E o contêiner surge com a alternativa móvel para colocar as obras na rua, provocar um intervenção nas praças”, explicou o produtor e coordenador cultural do projeto, Lindomar Luis. O processo de concepção do projeto foi realizado em parceria com a museóloga, Rita Sacramento, o artista visual, Dervanier Hembadoom, e o artista plástico, Mario Britto.
Embora concorde com Lindomar, Dervanier, que também contribuiu com a curadoria do Box Galeria, apontou o grafitti como manifestação artística da periferia dentro de um “cubo branco” – referência ao contêiner como espaço formal da galeria de um museu –, “O cubo branco se manifesta por conta dos vidros, dos seguranças, ar-condicionado entre outros elementos. O que termina sendo um espaço que causa certa reserva para uma pessoa que não tem o habito cultural de visitar o ambiente. E o grafitti por ser arte de rua, as pessoas estão mais acostumadas serve com atrativo”, avalia Hembadoom.
Quem preencheu o cubo branco em Cajazeiras foi o artista Marcos Costa. Que revelou ao Correio Nagô a inspiração para o trabalho exposto no Box. “A experiência criativa surgiu a partir de uma reflexão sobre as pessoas e belezas naturais. Também inclui as diferenças estéticas, os estilos, em conjunto com personagens que já existiam no meu imaginário, mas sempre com intuito de que pessoas se identifiquem”, disse. Identificação que levou o DJ e morador do bairro, Luis Gabriel, de 14 anos, a conhecer o trabalho de Marcos na galeria itinerante. “Eu gosto muito de arte de rua. Eu moro aqui por perto e estava acompanhando a montagem, desde quando estava branquinho. Agora voltei para conferir”, contou o adolescente.
Próximo bairro que ira receber os contêineres é a comunidade de Plataforma, com a exposição do fotógrafo, Ney Gomes.
Texto e fotos de Fabiana Guia, da Redação do Correio Nagô
