Ir mãos e irmãs começo esse texto afirmando que a esperança da verdadeira igualdade entre nós afrodescendentes e os outros brasileiros está centrada na nossa capacidade de nos indignarmos contra conceitos falaciosos repetidos oportunamente, todas as vezes que a pretensa democracia racial brasileira é colocada em cheque. Dessa vez, venho de uma experiência recente, acontecida há coisa de uma semana, quando uma antropóloga britânica de origem nigeriana interessada no estudo das origens da situação de evidente desvantagem dos descendentes dos escravos africanos no Brasil de hoje, me entrevistava. Ela queria ouvir a minha opinião sobre o tema, a partir da minha condição de negro que mesmo nascido e crescido na pobreza freqüentei uma universidade pública, e me graduei. Enquanto discorria a minha versão da situação, tomando como base uma série de episódios por mim vivenciados, estávamos, a pesquisadora e eu, assistidos por uma pequena platéia. Percebi certo desconforto aparente em alguns dos assistentes. Eis que de repente, no momento em que eu comparava a nossa situação como àquela dos nossos Irmãos e Irmãs nos Estados Unidos da América, um jovem membro dessa pequena platéia resolveu interceder, argumentando: “… Mas, ao contrário dos Estados Unidos (da América), no Brasil, nunca houve qualquer legislação segregacionista…”. Felizmente, eu tenho a condição de corrigi-lo na sua informação equivocada.
Irmãos e Irmãs, a culpa pela desinformação característica da nossa grande massa popular, incluindo aí os jovens como o cidadão autor do comentário acima, é do sistema brasi-luso-tupiniquin, que investe permanentemente na prática de uma eugenia cabocla desde os primórdios do Brasil colonial. Aliás, discussões alusivas a esse tema voltaram à baila graças a polêmica sobre “conteúdos racistas” em livros de Monteiro Lobato. Em tempo, ressalto uma citação interessante, lá do blog “Bravo” , assinado por André Nigris, publicado on-line, em Maio de 2011. Em matéria sob o título: “Monteiro Lobato e o racismo”, aparece uma citação, segundo o autor, garimpada pelo colunista Arnaldo Bloch de O Globo, entre as cartas escritas por Lobato (a amigos e colaboradores). Segundo o blog, é atribuída ao autor do Sítio do Pica-pau amarelo, uma citação, na qual ele teria