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QUILOMBOS EM PAUTA: Filme, exposição e livro serão lançados em Salvador

13/05/2018 | às 23h32

Há 130 anos, o Brasil anunciava “a falsa abolição da escravidão”. Também, mais de um século depois, o povo negro resiste à continuidade do racismo estrutural – fruto da ausência de políticas para inclusão da população que foi escravizada por mais de 300 anos no Brasil.

Visibilizando aquilo que veio depois do 13 de maio de 1888 (os dias 14, 15, 16…), quatro baianos de áreas distintas, mas com objetivos em comum, põem em pauta a questão quilombola.

Na segunda-feira (14), o  geógrafo Diosmar Santana Filho lança o livro “A geopolítica do Estado e o território quilombola no século XXI”, às 18h, na Livraria LDM (Espaço Itaú de Cinemas Glauber Rocha – Praça Castro Alves). A publicação, editada pela Paco Editorial, dá visibilidade ao contexto geopolítico e histórico com quais os territórios quilombolas enfrentam as desigualdades raciais nos séculos, de conquistas e perdas para a população negra brasileira.

Já terça-feira (15), Donminique Azevedo (documentarista, jornalista e educadora), Danilo Umbelino (cineasta e diretor de fotografia) e Leo Rocha (musicista e cineasta) fazem a pre-estreia do documentário longa metragem “AIUÊ :Escutando o sons dos Quilombos”. O filme apresenta as sonoridades presentes no cotidiano das comunidades quilombolas de Salvador e Região Metropolitana.

Dona Aurinda Raimunda Anunciação, yalorixá do Quilombo do Tereré /Foto: Donminique Azevedo

Totalmente gratuita, a programação de lançamento começa às 15h,  com roda de conversa com lideranças quilombolas, dentre outros representantes da sociedade civil e política, com mediação da jornalista Donminique Azevedo, idealizadora do projeto. Às 18h, será aberta a exposição com mesmo tema do documentário, com intervenções artísticas das comunidades tradicionais. O filme será exibido às 19h. Todas as atividades ocorrerão na Sala de Cinema Walter da Silveira (Complexo da Biblioteca Pública dos Barris).

TERRITÓRIO

A obra “A geopolítica do Estado e o território quilombola no século XXI” é a primeira publicação científica de Diosmar Filho e é fruto da pesquisa geográfica realizada no Mestrado em Geografia na UFBA. Diosmar analisa as mudanças no espaço do Estado Brasileiro a partir do protagonismo dos próprios quilombolas como sujeitos de direitos e os territórios desde Palmares modificam a geopolítica na formação do Brasil, com destaque o Estado da Bahia.

Diosmar Filho. Foto: Ismael Silva

 “Os territórios quilombolas estabelecem novas estruturas e formas para um ordenamento territorial não desigual. Nesse ponto, as escalas da política no Brasil e a territorialização dos quilombos na Bahia no século XXI, contribuem para tirar da invisibilidade nos estudos geográficos os determinantes raciais que tornam o Estado brasileiro distante de um projeto Nação. Essa é uma das grandes contribuições do livro para nossa literatura científica”, ressalta o autor.

Além do lançamento na Livraria LDM, o autor também promove uma roda de diálogo sobre o livro no dia 25 de maio (Dia da África), às 19h, no espaço da loja Katuka Africanidades (Praça da Sé). Já no dia 28, ele lança o livro na Celebração da Semana da África na Faculdade São Salvador.

CINEMA NEGRO

Realizado pelo Coletivo Cacos, o filme “AIUÊ :Escutando o sons dos Quilombos” foi contemplado pelo edital Arte Todo Dia – Ano III, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador. A equipe é formada por cineastas negros baiano. Além disso, o documentário conta com a participação do cantor Lazzo Matumbi, que empresta  a voz à trilha e canta a música-tema do filme; e da socióloga e militante do Movimento Negro Vilma Reis.

“As comunidades quilombolas foram historicamente invisibilizadas, mas ainda assim resistem por meio de muitas lutas ligadas à identidade étnica e à territorialidade. Do som ambiente aos silenciamentos, o documentário traz essa resistência por meio da incursão sonora nos quilombos, no intuito de estabelecer diálogos culturais entre as comunidades presentes no longa”, explica Donminique Azevedo, idealizadora da iniciativa.

Da Redação do Correio Nagô.

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