Mulheres negras vêm conquistando espaço nas redes sociais ensinando milhares de seguidoras sobre o empoderamento e aceitação
A internet é um dos principais espaços de propagação da informação nos dias atuais, atingindo todas as camadas da sociedade. E com o advento das redes sociais e democratização do acesso à internet, os influenciadores digitais ou criadores de conteúdos começaram a surgir e compartilhar seus conhecimentos e experiências com os seguidores.
Quando se ergue a bandeira da diversidade e contra o preconceito racial, é necessário entender que isso também diz respeito às coisas mais simples do dia a dia, como, por exemplo, o conteúdo que você consome. Quantas pessoas pretas você acompanha nas redes sociais?
Durante muito tempo, a comunidade negra não tinha referências de pessoas como elas na internet e na indústria do entretenimento, esses espaços eram preenchidos majoritariamente por pessoas brancas. Entretanto, nos últimos anos os negros têm ocupado espaços nas mídias digitais, principalmente as mulheres negras. Sendo verdadeiras inspirações para várias meninas, essas mulheres mostram como a representatividade é importante.
Com discursos sobre aceitação e empoderamento, elas dão dicas de cabelo, vestimenta, cultura e servem de espelho para aquelas que buscam uma figura para se identificar. Sempre buscando mostrar como a negritude é plural e diversa, tendo em vista que as experiências individuais devem ser valorizadas, essas influenciadoras usam seus relatos de vida, em que o preconceito racial sempre esteve presente e colaboram no processo de instrução racial, seja no âmbito pessoal, profissional ou comercial. Além de aproveitar o espaço democrático das redes para falar diretamente com sua audiência.
Essas mulheres falam de comportamento, expõem seus trabalhos, vendem os próprios produtos e fazem campanhas publicitárias. E foi dessa forma que Priscila Paixão foi ganhando espaço na web, “comecei a produzir conteúdo em 2017, postando fotos do meu trabalho, e como sempre recebia dúvidas dos meus seguidores sobre maquiagem, principalmente para pele negra, eu percebi que se criasse conteúdo sobre isso, daria certo”, conta. Hoje a digital influencers têm aproximadamente 10 mil seguidores.
Diante dessa nova realidade, o mercado tem notado as produtoras de conteúdo negras e, como consequência, elas têm conquistado espaço nas redes e corroboram nas decisões do público que podem impactar de maneira efetiva a presença de uma marca, principalmente aquelas que estejam alinhadas com os discursos da comunidade negra.
Separamos uma lista com algumas influencers baianas, que vão contribuir com a identificação do seu feed.
Inspiração preta
A criadora de conteúdo Priscila Paixão (@priscillapaixaooficial) em sua rede social, trata de assuntos sobre maternidade, dá dicas de livros que abordam temas como aceitação, feminismo e maquiagem para pele negra, sendo a última, ferramenta de trabalho da influencer. Foi uma experiência negativa que a incentivou a buscar especialização em pele negra, “uma vez atendi uma cliente que era negra retinta e até então eu nunca tinha atendido uma cliente retinta, portanto eu não tinha produtos adequados para a pele dela, agendei o atendimento e comprei produtos para o tom dela, mesmo assim deixei a pele da cliente acinzentada”, relata.
Depois dessa experiência, através de vídeos na internet, Priscila estudou sobre colorimetria e hoje é expert no assunto. A influencer se tornou especialista em noivas negras e ministra cursos de automaquiagem por um valor acessível.
Apoio na transição capilar
Vencedora do Big Brother Cajazeiras, versão baiana e online do reality Big Brother Brasil, Scarllet Almeida (@scar.preta) decidiu se tornar criadora de conteúdo, quando iniciou o processo do big chop – método que corta as partes alisadas do cabelo e tem uma função estética muito forte e um momento difícil para muitas mulheres.
Pensando nisso e servindo de apoio para outras pessoas que passam por esse processo de ressignificação, de forma prática e descontraída a influencers dá dicas e receitas caseiras para cuidar dos cabelos naturais, além de dialogar com o público sobre o processo de transição, “é importante valorizarmos nosso cabelo crespo e nos desprendermos dos padrões estipulados pela sociedade”, comenta.
Com mais de 34 mil seguidores, Scarllet faz campanhas publicitárias para diversas marcas, porém ela prefere representar empresas que são engajadas em pautas sociais.
Valorização da raiz negra
A experiência que Natália Cavalcante (@nc.make) viveu ainda na adolescência, ao ter os cabelos alisados e os traços negróides diminuídos através de maquiagem feita em um salão, traçou o seu caminho, pois a partir do ocorrido ela passou a colecionar maquiagem para pele negra, com o objetivo de maquiar suas primas e tias, “eu não queria que elas sentissem a insatisfação que eu senti”, conta.
O tempo passou e na formação em Artes Plásticas, Natália aprendeu sobre fundamento das cores, e tem aplicado todo conhecimento na maquiagem. Maquiadora especializada em pele negra, a influencer dialoga com seus mais de 14 mil seguidores sobre a importância da valorização e a identidade dos traços negros na maquiagem, autoestima, cuidados com a pele e sobre a importância de comprar produtos que dialoguem sobre representatividade negra, “o produto pode ser até bom, mas se não pensa em inclusão, não me atende. Eu uso marcas e indico produtos que são atentos a isso, são critérios inegociáveis, expõe.
Alice Souza
Com supervisão de Valéria Lima