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Retrospectiva 2016 – Nosso luto é verbo: relembre as mortes que marcaram o ano

Como dizia Luiza Bairros – uma das grandes perdas deste ano – luto, para nós, é verbo. Recordar a partida daqueles que se engajaram no movimento por equidade, sem dúvida, reacende a certeza de que ainda temos muitas batalhas pela frente, afinal, o racismo explica 80% das causas de morte de negros no País, de acordo com o relatório Vidas Perdidas e Racismo no Brasil, do IPEA (2013).

Luiza Bairros, uma defensora das artes negras

luiza_bairros_onuEm 12 de julho de 2016, aos 63 anos, Luiza Bairros nos deixou, vítima de câncer. Gaúcha de Porto Alegre, Luiza terá seu nome escrito, repetidas vezes, na história da luta do povo negro do Brasil e da Diáspora. Porque repetidas e incansáveis foram suas formas de atuação. Uma das principais vozes do feminismo negro, foi pioneira ainda em outras frentes como no combate ao racismo institucional, ao coordenar ações do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e na elaboração de políticas públicas para as artes negras.

Leia mais: http://correionago.com.br/portal/uma-admiradora-e-defensora-das-artes-negras/

José Limeira, poeta do absurdo

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O escritor e poeta baiano José Carlos Limeira faleceu em 12 de março, aos 64 anos, em decorrência de problemas cardíacos. Autor dos livros “Zumbi… dos” (1971) e “Lembranças” (1972), militou no movimento negro e – por 40 anos – participou de atividades artísticas, culturais e políticas no Brasil. Pertencia ao Humpame Ayono Runtoloji, um dos terreiros mais tradicionais de candomblé jeje da Bahia, em Cachoeira.

Por menos que conte a história / Não te esqueço meu povo / Se Palmares não vive mais / Faremos Palmares de novo”

 

Antônio Pompêo, um artista mal aproveitado

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Foto: GLOBO / Gianne Carvalho

“Morreu de tristeza”, resumiu a amiga e também atriz Zezé Motta. Engajado na luta contra o racismo e na valorização do negro, o ator e artista plástico Antônio Pompêo foi encontrado morto em casa, no Rio de Janeiro, no dia 5 de janeiro. Apesar de ter atuado em novelas, como “O Rei do Gado” e “Mulheres de Areia”, e em filmes, como “Xica da Silva”, o artista – como a maioria dos atores e atrizes negros – foi mal aproveitado no campo das artes. Ocupava um posto na diretoria do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Estado do Rio de Janeiro (SATED/RJ), porém poucos sabem sequer seu nome até hoje.

 

 

 

 Muhammad Ali, mais que lenda, um ícone na luta antirracista

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Foto: Neil Leifer

Considerado um dos maiores esportistas da história mundial, o pugilista estadunidense Mohamed Ali morreu em 03 de junho, aos 74 anos, em decorrência de uma infecção generalizada.  Além do boxe, Ali se destacou por lutar abertamente contra o racismo nos Estados Unidos, a guerra do Vietnã e a islamofobia. O tricampeão mundial dos pesos-pesados lutou 32 anos contra o mal de Parkinson, um distúrbio do sistema nervoso que afeta os movimentos.

 

 

 

Naná Vasconcelos, um mestre dos tambores

Credito: Rafael Martins/ Esp. DP- VIVER- Nana Vasconcelos, musico

Credito: Rafael Martins/ Esp. DP- VIVER- Nana Vasconcelos, musico

Doutor honoris causa pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, detentor de oito Grammys, o percussionista pernambucano Naná Vasconcelos faleceu dia 09 de março, vítima de um câncer de pulmão. Naná era autodidata, nunca frequentou a escola, nem se graduou, mas é considerado um dos maiores instrumentistas do País.

 

 

 

Quando você aprende teoria musical por livros, precisa sempre consultar os textos. Quando você aprende com o corpo, é como andar de bicicleta. Seu corpo se lembra. (Naná Vasconcelos)

Nilo Feijó, griô da cultura negra gaúcha

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Faleceu no dia 05 de janeiro, vítima de três infartos do miocárdio, Nilo Feijó, ícone da cultura negra no Rio Grande do Sul. Atuou, entre outras funções, no carnaval como compositor de sambas e marchas. Diversos grupos carnavalescos gaúchos desfilaram com suas composições. Como dirigente, Nilo Feijó por mais de duas décadas fez parte da diretoria da Associação Satélite Prontidão, entidade centenária criada em 1902 por negros que foram escravizados.

 

 

Vander Lee

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O o cantor e compositor Vander Lee faleceu aos 50 anos, em decorrência de um ataque cardíaco. Nascido em Belo Horizonte, Lee completaria 20 anos de carreira em 2017. Com nove discos, entre registros de estúdio e ao vivo, o músico tinha como tema de suas canções o amor, o futebol e o cotidiano urbano. Entre as composições estão as baladas “Esperando Aviões”, “Onde Deus Possa me Ouvir”, além de sambas como “Galo e Cruzeiro” e “Passional”. O cantor deixa três filhos, Lucas, Laura e Clara.

Valdir Cabeleireiro

rtemagicc_valdircabeleireiro-jpgO cabeleireiro Valdir Macário, 45 anos, foi assassinado em 12 de novembro, dentro do próprio salão, na avenida Vasco da Gama, em Salvador. Formado em Moda e especialista em cabelos crespos, Valdir era um dos mais conhecidos profissionais na capital baiana. O crime continua sob investigação da polícia. Até o momento, ninguém foi preso. O Salão Valdir Cabeleireiro surgiu em 1986 na comunidade do Engenho Velho de Brotas, em Salvador. No início, cortava cabelos debaixo da árvore, na frente de casa.

 

 

Sharon Jones, uma grande voz da soul musicsharon-lafaye-jones2

Sharon Jones faleceu 18 de novembro, após três anos de luta contra um câncer. Famosa depois dos 40 anos, lançando seu primeiro disco aos 46.  Sharon ficou conhecida pela voz marcante e surpreendente presença de palco. Na banda de funk/soul “Sharon Jones & The Dap-Kings” gravou com Amy Winehouse, em seu segundo álbum Back to Black de 2006.

 

 

Makota Gilmara Neves

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No início de novembro, o bloco afro Bankoma e o Terreiro de São Jorge Filho da Goméia se despediram da Makota Gilmara Neves. Em show na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, homenageou a líder candomblecista dedicando o show Pérolas Mistas.

 

 

 

 

 

Mário Sérgio, vocalista do grupo Fundo de Quintal

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Compositor, cantor e cavaquinista, Mário sérgio integrava a banda Fundo de Quintal. O artista estava em tratamento contra um linfoma, mas veio a falecer 29 de maio, aos 58 anos. Autor de diversas composições como: “Além dos Sonhos da Ilusão”; “Brasil Nagô”; “Menina da Colina”; “Ira de Hortelã”, entre outras. Participou, ao menos, da produção de 11 discos.

Ouça Brasil Nagô, composição de Mário Sérgio

 Prince

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Em 21 de abril, Prince foi encontrado morto na casa onde morava, no estado norte-americano de Minnesota. Um dos artistas mais influentes da música pop durante seus 40 anos de carreira. Cantor, compositor, multi-instumentista e ator, ele teve o talento reconhecido com sete prêmios e 30 indicações no Grammy, um Oscar, um Globo de Ouro e quatorze músicas no top 10 da “Billboard” nos EUA. Prince tornou-se um fenômeno mundial nos anos 1980, fundamentalmente com “Purple Rain” (1984), frequentemente considerado um dos melhores álbuns de todos os tempos. O estrondoso sucesso que ele alcançou entre 1984 e 1985, quando emplacou “When doves cry”, “Let’s go crazy”, “Purple rain” e “Kiss“, marcou sua imagem para o grande público. Mas apenas os hits não resumem sua importância para diversos gêneros musicais: funk, rock, r&B, soul, jazz, rap e outros.

Chica Lopes

A atriz Chica Lopes, que atuou em novelas como “Éramos Seis”, “Escrava Isaura” e “Êta Mundo Bom”, morreu aos 90 anos no dia 11 de setembro, em São Carlos (SP). Francisca Lopes nasceu em 1925 e começou a carreira em 1950 no teatro, quando passou a ser chamada de Chica Lopes. Em 1970 estreou na TV Tupi de São Paulo em pequenos papéis em novelas como “O Julgamento”, “Éramos Seis”, “Roda de Fogo” e “O Direito de Nascer”.

A atriz Chica Lopes (Foto: Divulgação)

Ela ganhou destaque ao interpretar a personagem Durvalina, de “Éramos Seis”. Em 1994, o SBT fez um remake da novela e Chica Lopes foi chamada para o mesmo papel. Na mesma emissora atuou em “Sangue do Meu Sangue” (1995), “Os Ossos do Barão” (1997), “Pícara Sonhadora” (2001), “Marisol” (2002), “Jamais Te Esquecerei” (2003). Em 2005, recebeu o Prêmio Zumbi dos Palmares, na Assembléia Legislativa de São Paulo. Sua última novela foi “Êta Mundo Bom”, neste ano, na TV Globo, onde fez uma participação.

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Billy Paul

Lenda do soul, conhecido por ser um dos pioneiros do ritmo, o cantor Billy Paul morreu, aos 81 anos, em 24 de abril. A notícia foi divulgada no final do domingo pelo site NBC Filadélfia, cidade onde o músico nasceu. Nascido no dia 1º de dezembro de 1934, na Filadélfia, Paul (seu nome de batismo era Paul Williams) começou sua carreira aos 11 anos de idade, quando apareceu na estação de rádio local WPEN. No início da jornada profissional, ele costumava se apresentar em clubes e universidades ao lado de nomes como Charlie “Bird” Parker, Nina Simone, Miles Davis e Roberta Flack.

Relembre um dos maiores sucessos da carreira de Paul, a música “Me and Mrs. Jones”, de 1972. A canção foi número um na Billboard Hot 100 e R&B e levou um Grammy.

 

Carlos Alberto Torres, capitão do Tri

capitaEm 1970 a seleção brasileira de futebol masculino conquistava o tricampeonato mundial, no México. Pela primeira vez a competição era transmitida à cores pela televisão. Em campo, o lateral-direito Carlos Alberto Torres encantava o mundo na companhia de Pelé, Tostão, Rivellino e cia. Em 2016, Brasil se despediu do capitão do Tri. Carlos Alberto faleceu 25 de outubro, vítima de um infarto fulminante no Rio de Janeiro.

 

Assista ao gol de Carlos Alberto na final da Copa de 1970

Ubiraci, conselheiro do Olodum

fotoUbiraci Oliveira, além de conselheiro do grupo Olodum, era ativista na luta contra o racismo e à intolerância religiosa. Atuante pela preservação da cultura, musicalidade e afirmação negra na Bahia, Ubiraci faleceu 14 de dezembro, em Salvador.

Confira a participação de Ubiraci Oliveira em matéria da TV Correio Nagô, sobre a vinda de Spike Lee para o Brasil.

 

Ricky Harris

O ator Ricky Harris ficou famoso ao atuar na série ‘Todo Mundo Odeia o Chris’. Ele não resistiu a um ataque cardíaco e deixou os fãs no dia 27 de dezembro.

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