Quatro dos 26 policiais acusados de 15 homicídios no segundo pavimento do Pavilhão 9 serão ouvidos. Julgamento recomeçou depois de jurado apresentar problema de saúde
Quatro policiais réus no julgamento do massacre do Carandiru serão ouvidos amanhã (19), no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona Oeste de São Paulo. Vinte e seis policiais são acusados de terem assassinado 15 dos 111 detentos mortos no pavilhão 9, da Casa de Detenção de São Paulo, em 2 de outubro de 1992. Os outros 20 policiais presentes decidiram não dar sua versão sobre os fatos. Dois estão ausentes.
Os trabalhos, cujo reinício estava marcado para às 9h desta quinta-feira, recomeçaram com seis horas de atraso. O juiz aguardava a melhora de um dos jurados que apresentou,na manhão de ontem, um mal-estar não especificado pelo Tribunal de Justiça (TJ), o que impediu a sequência do julgamento iniciado segunda-feira (15).
Finalmente, a partir das 15h, foram lidos 19 depoimentos contidos no processo e exibidos vídeos da Promotoria e da defesa, cada um com duração próxima de meia hora. No entanto, os vídeos precisaram ser interrompidos quatro vezes a pedido dos jurados, que deixaram a sala em todas as paradas. A maior delas demorou quase uma hora.
A acusação apresentou várias reportagens feitas à época do massacre e casos de violência policial. Entre eles, o caso Pixote, de 1987; da favela Naval, em 1995, e a primeira chacina deste ano, quando sete pessoas foram mortas em um bar, no Campo Limpo.
Já a defesa exibiu o documentário São Paulo Sob Ataque, da Discovery Channel, sobre os bastidores dos ataques do Primeiro Comando da Capital em 2006.
Depois dos interrogatórios começarão os debates. Cada uma das partes tem até cinco horas para apresentar seus argumentos de defesa e acusação. Cumprido todos esses ritos, a sentença pode ser dada amanhã.
Ao todo, 84 policiais são acusados de participarem do massacre. Outros quatro julgamentos devem ocorrer até o final do ano.
Desde segunda-feira cinco testemunhas de acusação e seis de defesa foram ouvidas, entre elas, o governador à época do massacre, Luiz Antônio Fleury Filho.
Fonte: Rede Brasil Atual