Encontro reforçou a importância da re-ligação ao sagrado como gesto político, espiritual e ancestral na capital baiana
A Praça Maria Felipa, um dos cartões postais de Salvador, recebeu no dia 30 de novembro a 7ª edição da Roda Ecumênica de Saberes, realizada a convite da Feira Preta Festival. Consolidado como um dos principais espaços de diálogo inter-religioso do país, o encontro promoveu um ato ecumênico marcado pela defesa da reconexão com o sagrado como prática política, espiritual e ancestral.
Com o tema “Vozes que religam ao sagrado! Expandem fronteiras e recontam a nossa história – do Brasil à África, do corpo à palavra”, a atividade reuniu lideranças de diferentes tradições religiosas, compondo um mosaico de fé, diversidade e respeito. Participaram: Elton Magno (Matriz Africana), Claudia Miguel (Espiritismo), Padre Lázaro Muniz (Catolicismo), Pastor André Guimarães (Protestantismo) e Sheik Abdul Hamed Ahmade (Islamismo).
A celebração contou ainda com a presença marcante do cantor e compositor Lazzo Matumbi, referência nacional da arte negra e da espiritualidade ancestral. A mediação ficou a cargo do professor Adson Silva, idealizador, CEO e fundador da Roda Ecumênica de Saberes.

Segundo Adson, a realização da Roda em diálogo com a Feira Preta em Salvador representa um marco político e espiritual para a cidade.
“A nossa capital soteropolitana recebe a Feira Preta, e o evento se configura como um poderoso ato que vai além da celebração da economia negra: é uma profunda reafirmação política e espiritual da cidade. (…) A re-ligação ao sagrado é uma prática de vida que exige respeito, acolhimento e reparação histórica”, destacou.
Ele acrescenta que o encontro reforça a necessidade de permanência na luta por liberdade e justiça.
“A Roda Ecumênica e a Feira Preta em Salvador é um lembrete vivo de que a luta pela liberdade deve ser constante. Esta terra é um solo sagrado, forjado pela fé e pela luta do povo preto. A Feira Preta é a materialização dessa força e a prova da potência negra na construção do próprio futuro”, afirmou.
Durante a roda, cada liderança religiosa apresentou reflexões sobre espiritualidade, convivência e respeito às diferenças, ressaltando a pluralidade como patrimônio fundamental da sociedade brasileira. As falas convergiram na defesa da fé como instrumento de resistência, cura e reconstrução coletiva.

Mais uma vez, a Roda Ecumênica de Saberes cumpriu seu propósito de integrar vozes e tradições, reafirmando Salvador como um território espiritual onde ancestralidade e futuro caminham juntos. Em sintonia com a energia da Feira Preta, o encontro reforçou o convite para que todos — independentemente de suas crenças — celebrem, honrem e defendam a potência do povo negro, sua história e seu sagrado.


