Redação Portal Correio Nagô*
Primeira biblioteca baiana especializada nas temáticas raciais relacionadas ao Direito e Acesso à Justiça, Psicologia e Serviço Social foi inaugurada na sexta-feira (28), às 15h, no Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela, que fica localizado na Avenida Sete de Setembro, em Salvador.
Com mais de 750 obras, os interessados podem encontrar livros que tratam, dentre outros assuntos, do racismo, história da África, direito da juventude e candomblé. Mãe Stella de Oxossi – Estrela Nossa, a mais singela!, de Marcos Santana, e Ebomi Cidália – A enciclopédia do Candomblé, de Jaime Sodré e Cleidiana Ramos, fazem parte dos exemplares disponíveis no local.
No acervo, também, é possível ter acesso a vídeos e revistas. Para a estudante de serviço social Ione Costa, a biblioteca preenche uma lacuna existente em Salvador. Segundo a graduanda da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que faz pesquisa sobre a juventude negra, o local será muito visitado por ela e representa mais do que um lugar de estudo; será um espaço de interação dos pesquisadores. “Aqui você não vai ser um pesquisador solitário. Esta estrutura possibilitará diálogos entre pessoas que estudam assuntos semelhantes”, frisa a universitária.
A presidente do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN), Vilma Reis, espera que o novo equipamento sirva para troca e interação. “Geralmente, as pessoas vêm para o Centro na hora da dor. Agora, queremos que elas venham para ter uma nova experiência e utilizem os livros como uma ferramenta de prevenção”, comenta. A socióloga fez questão de ressaltar a importância de o Centro ser um instrumento legal e que, por isso, não depende, para ser consolidado, do desejo de determinado governador. “Qualquer gestor tem o dever de dar continuidade a esta política, por que está na lei”, frisou ela.
O coordenador do Centro de Referência, Ivonei Pires, afirma que todos os dias dois casos de racismo, em média, são registrados no órgão, mas ressalta que nenhum racista foi preso ainda no país. Para ele, ter um local como este mostra para a sociedade que o Movimento Negro Unificado (MNU) vai além das caminhadas e revela a preocupação do grupo na construção de ferramentas que possam instrumentalizar o povo negro. “Devemos muito ao movimento por esta e por outras conquistas. Se hoje nós temos acesso às cotas na universidade, por exemplo, foi porque conseguimos pautar o governo baiano. Mas, as demandas da população negra ainda são muito grande, por isso temos que criar mais instituições que atendam às necessidades desta parte da sociedade”, falou Ivonei.
O secretário da Promoção da Igualdade Racial, Raimundo Nascimento, comentou sobre as propostas implantadas neste governo que colaboram para o desenvolvimento da comunidade negra, como a regulamentação de terras para o povo de santo e a criação da reserva de 30% das vagas para negros que se candidatarem a cargos nos concursos públicos realizados no âmbito do poder executivo estadual.
Parte dos livros do acervo veio de doações dos órgãos que compõem a Rede de Combate ao Racismo, como o Instituto Cultural Steve Biko e o Ministério Público da Bahia. A biblioteca funciona de segunda a quinta, das 9h às 12h e das 14h às 17h.
Centro de Referência
A primeira biblioteca baiana especializada nas temáticas raciais relacionadas ao Direito e Acesso à Justiça, Psicologia e Serviço Social faz parte de uma das ações do Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela, o qual foi criado em 31 de janeiro de 2013 e tem como objetivo receber, atender, encaminhar e acompanhar toda e qualquer denúncia de discriminação racial e intolerância religiosa.
A Rede de Combate ao Racismo
A Rede surgiu da articulação entre o Governo Estadual e o Governo Federal, através da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR). Atualmente, ela é composta por sete entidades da sociedade civil e 21 órgãos públicos.
* Taciana Gacelin