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Santo Amaro da Clarificação? Nunca!

A representação social na área de comunicação é o fenômeno pelo qual uma determinada ideia ou informação influencia ou esclarece outra. Diante disto, qualquer profissional atuando na gestão pública, tem como tarefa, além de falar com muitos, publicizar comportamentos, ideias, ação e qualificar o tipo de informação e discurso a serem disponibilizados, uma vez que a mesma cumpre o papel de persuadir, no sentido de estimular o indivíduo a utilizar as informações na valorização de determinado grupo, ato ou serviço.

Com esse entendimento mínimo aprendido ainda no início da faculdade, qual não foi minha surpresa ao ver a peça gráfica da Prefeitura de Santo Amaro (BA), convidando a população para a uma das festas tradicionais do Recôncavo baiano.  Minha primeira ação depois de ler os comentários na página do referido órgão e ver a forma amadora como a mesma respondeu, foi tentar ver qual o perfil de turistas que a Bahia recebe e idade. Informações iniciais fundamentais para a construção de qualquer peça de comunicação, ou seja, com quem e o que você deseja falar?

SantoAmaro

A surpresa foi ficando maior ainda quando percebi que nem o Governo do Estado, em pesquisas básicas disponível a qualquer cidadão na internet, cita o perfil de turistas usado na chamada do órgão em questão. Esses nem aparecem na pesquisa. A arrogância, preguiça, falta de conhecimento e o racismo da equipe de comunicação da referida prefeitura não permitiu que ela soubesse que no Observatório do Turismo do Estado da Bahia (exato, o governo do estado tem um órgão que estuda sua fonte de renda) uma das pesquisas rápidas para conhecer um pouco destes é: “CARACTERIZAÇÃO DO TURISMO RECEPTIVO NA BAHIA “.

A pesquisa citada apresenta o turismo religioso como um dos grandes eventos de interesse dos turistas, em especial, estrangeiros. A análise da mesma não toma 10 minutos para ser totalmente analisada, mas ajudaria a saber que nossos turistas religiosos são, em sua maioria, dos EUA e têm idade acima dos 30 anos e colaboraria para a não construção de uma peça gráfica que mais se refere a uma balada noturna no leste espanhol, precisamente em Ibiza. A informação é o maior investimento do comunicador. Logo, é um absurdo uma campanha tão esdrúxula onde é notório o racismo e, acima de tudo, o preconcento geracional.

Se a comunicação se destina a influenciar o comportamento através de suas variáveis, o que podemos dizer com essa peça e, acima de tudo, com a postura da comunicação da prefeitura é que, além de racistas e ignorantes, são desconhecedores da cultura e do legado da população Santamarense. Cidade que, além desta festa tão importante, durante muito tempo se sustentou da cana de açúcar e foi habitada por índios Caetés, Pitiguaras e Carijós, além do grande capoeirista Besouro. Logo, não permitiremos a invisibilidade deste legado e história como ocorreu durante muito tempo por nossos meios de comunicação tradicional.

Luciane Reis, publicitária e Ceo MercAfro

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