Redação Correio Nagô – O Senado vai instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar assassinatos de jovens negros no Brasil. A informação é da Agência Senado. Nesta sexta-feira (25), o presidente do Senado, Renan Calheiros, assumiu o compromisso em Plenário, de instalar a CPI.
O anúncio foi feito poucos dias após a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) iniciar a coleta de assinaturas para sua criação. Renan também defendeu a indicação do senador Paulo Paim (PT-RS), autor do Estatuto da Igualdade Racial, para presidir os trabalhos, que deverão se estender por 180 dias.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a cada três pessoas assassinadas no Brasil, duas são negras. A chance de um adolescente negro ser vítima de violência, vítima de um homicídio, é 3,7 maior em comparação a brancos.
Paim agradeceu o apoio do presidente do Senado a sua indicação e defendeu agilidade nessa investigação, de forma a evitar a ampliação das estatísticas.
“Em face desse número tão representativo negativamente, tem de haver uma investigação. Estão dizendo que, se nada for feito rapidamente, de cada dez homicídios, nove serão de jovens negros. Nós temos de ir a fundo na questão para combater todo tipo de crime contra a nossa gente, contra o nosso povo”, alertou Paim.
Responsabilização – Lídice da Mata também entende ser necessário o Senado averiguar urgentemente “as condições em que esses assassinatos acontecem e quais as razões para isso”.
“De outra parte, acreditamos ainda que é preciso compreender o comportamento do Estado brasileiro mais especificamente dos órgãos responsáveis pelas políticas de segurança pública no tocante a apuração desses fatos e os mecanismos de apuração e responsabilização dos agentes públicos no tocante a tais fatos”, afirmou a senadora na justificativa do requerimento para criação da CPI.
O estudo do Ipea constatou ainda que os negros são mais agredidos do que os brancos também por policiais. Dentre os pesquisados que declararam ter sofrido agressão (ano de 2009), 6,5% dosnegros informaram que os agressores eram policiais ou seguranças privados. Entre os brancos, apenas 3,7% dos agredidos deram a mesma resposta.