Home » Revista » Ser negro no Brasil – Correio Nagô

Ser negro no Brasil – Correio Nagô

Ser negro no Brasil de hoje requer de uma assumir posturas e tomar atitudes extremamente mordaz, a fim de que possa sobreviver às estruturas racistas existentes. SOUZA (1983) nos diz que ser negro no Brasil, é tornar-se negro, “é tomar posse dessa consciência e criar uma nova consciência que reassegure o respeito às diferenças e que reafirme uma dignidade alheia a qualquer tipo de exploração”. Requer entender as bases racialistas sobre as quais a nossa sociedade está apoiada, e assim poder confrontá-las numa postura consciente a qual devemos estar sempre atentas.

Quanto a isso, concordo plenamente. Precisamos, sim, tomar posse de uma consciência que ultrapasse as barreiras sociais de existência do indivíduo.

Mas é notório dizer que as assimetrias sociais existentes no Brasil, por conta do seu percurso histórico de colonialismo e escravidão que perdurou por mais de trezentos anos, estão imbricadas com as assimetrias raciais, e isso é uma marca inegável na nossa historiografia.

Em meio às discussões e conquistas que vem sendo alcançadas, devo dizer que muito tem sido feito para a garantia do direito à cidadania de pessoas negras.

Mas, para além do que disse SOUZA (1983), devo confessar o que perpassa no ato de ser negro no Brasil de hoje, e para isso sugiro que assistam aos dois vídeos abaixo, para entender parte da minha crítica ácida e mordaz ao sentido que se toma o fato de ser negro no Brasil.

As estruturas racistas no Brasil adquiriram docilidade historiográfica através da ideia incutida no imaginário popular de que vivemos numa nação que fora construída e levantada por  três matrizes raciais , e com isso o conceito de mestiçagem ganha forma, a fim de desfazer qualquer “mal-entendido” dos negros em relação aos não-negros. E Gilberto Freyre foi um dos maiores fomentadores (senão o maior de todos) do conceito de mestiçagem no Brasil. Em seu “clássico” Casa-Grande & Senzala, ele afirma que:

Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo – há muita gente de jenipapo ou mancha mongólica pelo Brasil – a sombra, ou pelo menos a

scroll to top