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SOM DO FUTURO: Bate papo reúne música popular e eletrônica

12/10/2018 | às 22h49

Música e tecnologia caminham juntas para um futuro negro, se depender dos trabalhos do maestro e educador Letieres Leite, a MC Dani Nega e o produtor e DJ do projeto ÀTTØØXXÁ Rafa Dias, já está em andamento.

Num bate papo sobre vivências, estudo e produção de música e tecnologias, os participantes do bate papo contaram suas  experiências em evento aberto ao público, no segundo ano da Ocupação Afro.Futurista.

Rafa Dias, Dani Nega, Letieres Leite e Zinha Franco falaram sobre música, ancestralidade e tecnologia | Foto: Usina Films

Dani Nega destacou que por muito tempo a tecnologia foi desapropriada da comunidade negra. “O poder sobre tecnologia e seus manuseios sempre estiveram sob a tutela de uma elite branca”, denunciou. Dani contou também das técnica de aperfeiçoamento do seu rap, que une o ritmo e a música eletrônica.

Rafa Dias, DJ e produtor do grupo ÀTTØØXÁ, contou como sua experiência com a música eletrônica começou e como usou diversas meios digitais no processo. “Boa parte dos empresários da músicas são brancos, queria fugir disso. Não sabia como produzir, fui estudar na internet como poderia botar meu som para circular”, narra.

Do tambor ao beat

De acordo ao maestro, a partir das células melódica da música popular brasileira é possível perceber que os ritmos “saem de uma mesma árvore: a diáspora negra”. Letieres explicou que a batida do funk carioca resguarda toques da umbanda, assim como ouvimos toques que descende da população negro árabe (Malês) em música popular.

O músico contou que forjou um método de ensino da música popular baseado no conhecimento da matriz africana para evitar os embates com o ensino tradicionalista de música com viés europeu que desconsiderava os ritmos africanos. “Não abro mão da escrita musical, mas a trago em consonância com oralidade da rua e dos terreiros. O método saiu de uma necessidade profissional”, ressaltou.

O público também pode tirar dúvidas sobre aspectos religiosos  e encontradas tanto na música popular como na música eletrônica, além de conhecer tecnologias para compor trabalhos musicais. “Música é transcendental por isso ela realmente atinge a todos os públicos independentemente”, diz Zinha Franco, cantora e compositora que mediou o encontro.

Futuro

A mediadora fez uma provocação para pensar o futuro aos participantes a partir de uma frase do músico recifense Naná Vasconcelos, em que diz  “meu trabalho está muito dentro do afro, como minha cabeça está muito dentro do futuro”. “Estamos em resgate da cultura negra que nos foi tirada. Nosso projeto de futuro é construído a partir da nossa reconstrução”, respondeu Dani.

Letieres aposta na educação como elemento transformador do futuro, a exemplo do Rumpillezinho – Laboratório Musical de Jovens, projeto que coordena.  “É conhecendo como os sons da diáspora e de onde foram trazidos, acredito que é possível para que esta juventude chegue mais afirmada no futuro”, afirma.

“Respeito as diferenças para se estabelecer conexões”, disse Rafa Dias. Para o DJ vivemos em tempos cada vez mais segregacionista em é mais necessário união para garantir o futuro.

Marcelo Ricardo é repórter-estagiário do Portal Correio Nagô

Com a supervisão da jornalista Donminique Azevedo.

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