Redação Correio Nagô – Adolescentes africanas fugitivas de países em guerra estão sendo prostituídas em São Paulo. O esquema, comandado por uma máfia de origem europeia, foi denunciado recentemente a uma comissão de deputados federais que investiga casos de exploração sexual infantil no Brasil.
Nos últimos quatro anos, o juiz da Vara de Infância e Juventude Paulo Fadigas acumulou pelo menos 30 casos de garotas africanas trazidas para o Brasil para serem prostituídas. São jovens carentes vindas do Congo, Eritreia, Somália e Angola.
Após ouvir as meninas e se certificar da veracidade das informações, denunciou o caso à CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes da Câmara dos Deputados em São Paulo.
A máfia usa a fragilidade das meninas para convencê-las a sair da África. Constantemente estupradas em seus países de origem elas vêm para o Brasil com a esperança de ganhar dinheiro justamente com a prostituição.
Segundo o juiz, a idade das meninas trazidas para o Brasil varia de 16 a 17 anos. O perfil delas é semelhante: na África, viviam em um país miserável em guerra, presenciavam ou sofriam estupros e passavam fome com frequência.
As meninas cruzam diversas fronteiras para chegar até aqui. Quando chegam a São Paulo, muitas já são encaminhadas para casas de prostituição em diversas regiões da cidade.
Chegando a São Paulo, elas são “hospedadas” em pequenos prostíbulos espalhados pela cidade, alguns deles na região de Pinheiros, na zona oeste. Algumas garotas conseguiram escapar do esquema e procuraram ajuda na Vara da Infância e Juventude.
Para o juiz Fadigas, no entanto, o número de adolescentes africanas vítimas da exploração sexual pode ser muito maior, pois não são todas que procuram ajuda.
Relatora da CPI, a deputada federal Liliam Sá (PROS-RJ), afirma que os traficantes se aproveitam das facilidades para entrar no Brasil pelos aeroportos. De acordo com ela, não há um controle rigoroso de entrada e saída de menores estrangeiros nos terminais.
De acordo com a deputada, na Argentina, por exemplo, quando se desembarca com uma criança, os pais ou responsáveis têm de apresentar, novamente, os documentos que comprovem que ela está entrando legalmente no país.
A Polícia Federal disse que já investiga casos como os revelados pelo juiz Paulo Fadigas. Os detalhes da investigação, porém, não foram revelados.
*Com informações da Folha de São Paulo